domingo, 2 de fevereiro de 2020

Domingo Na Usina:Biografias :Miguel Sanches Neto:



(Bela Vista do Paraíso, PR, 1965). Poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta, crítico literário e professor universitário. Em 1969, após a morte do pai, transfere-se com a família para a cidade de Peabiru, zona rural do Paraná. Sua mãe se casa com um pequeno comerciante local. Conclui o estudo fundamental no Colégio Olavo Bilac e na Escola 14 de Dezembro. Faz curso de datilografia e, em 1980, por pressão da família, ingressa no Colégio Agrícola Estadual de Campo Mourão. Passa por Rondonópolis e Curitiba.

É aprovado no vestibular para cursar direito na Universidade Estadual de Londrina (UEL), mas desiste da carreira. Volta a Peabiru e, em 1984, ingressa no curso de letras da  Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari (Fafiman). Estuda e trabalha como agricultor numa propriedade de seu padastro. Formado em 1986, segue para Curitiba, onde leciona em escolas de periferia. Torna-se amigo da poetisa Helena Kolody (1912-2004).

Cursa o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), tendo como tema de pesquisa a obra do escritor Dalton Trevisan (1925). Ganha o Prêmio Nacional Luis Delfino, em 1989, com o livro de poemas Inscrições a Giz. Torna-se professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Como crítico literário, escreve para diversos periódicos. Faz doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Publica o romance Chove Sobre a Minha Infância (1999) e conquista o Prêmio Cruz e Souza com o livro de contos Hóspede Secreto (2000). Também escreve diversas obras para o público infantojuvenil e lança o romance A Máquina de Madeira, em 2012.

Comentário crítico
De inspiração memorialista e teor confessional, a obra de Miguel Sanches Neto se constrói a partir de um núcleo dramático característico, comum tanto a sua produção poética, quanto a sua ficção em prosa - sendo que seus textos transitam livremente pelos dois gêneros.

Egressas de um mundo semirrural, suas personagens experimentam o mal-estar nascido do sentimento de exílio vivenciado na cidade grande. Desenraizadas, desterritorializadas, são figuras marcadas por esta experiência contraditória, a que o autor chama de "condição pós-moderna". Cindidas, não conseguem forjar sua identidade em meio à modernidade oferecida pela metrópole e tampouco encontram espaço de conforto no imaginário herdado do mundo rural.

Tal perspectiva surge com força em Chove Sobre a Minha Infância, romance no qual o escritor transpõe os limites da autobiografia, revisitando, sem saudosismo, antigas memórias familiares, transfiguradas pela fabulação romanesca. Em diálogo com a tradição do chamado romance de formação, e com a obra memorialística de autores como Pedro Nava (1903-1984) e José Lins do Rego (1901-1957), o livro narra a história de vida de um escritor nascido numa pequena cidade do Sul do Brasil, reconstruindo seu trajeto desde a infância marcada pelo analfabetismo familiar e pela perda do pai, até seu ingresso no mundo das letras.


No plano da forma, a escrita de Sanches Neto recusa os artificialismos de linguagem, optando por uma fala narrativa coloquial, ao mesmo tempo poética, filtrada pelas lentes do que o autor define como "lirismo desencantado".

Fonte de origem:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa5583/miguel-sanches-neto

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