quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Quarta Na Usina: Poetisas Da Rede: Hulle Horranna: Uma anônima:


Jamais poderei ser mais do que sou,
Porém, sou mais do que posso saber
Há um desconhecimento do que se é

Uma limitação inserida no verbo ter

Não posso ser apenas o que restou

Estar nos parâmetros do teu parecer
Ter estranhamentos de uma mulher
Que ninguém jamais poderá entender

Jamais extrairei o pecado da morte
Para amargar o gosto duma solidão
Quem sabe eu seja provida de sorte
E ainda encontre no mesmo corte,
Fragmentos da doçura de um não,
Jamais poderei ser mais do que sou
E eu sou apenas, feita de emoção

Quem sabe eu esteja nos intervalos,
Nas vírgulas e também nos parágrafos
No ponto final com gosto de reticências
Quando os teus olhos ainda fechados,
Não possam definir a minha aparência
Na distância de pensamento e espaço,
Ausente, possas sentir minha presença

E eu não poderei ser mais do que sou,
Livre na impureza da minha inocência,
Presa no infortúnio dos meus diálogos
Quando o vazio rouba minha paciência
Quem sabe eu seja um contorno oco,
O preenchimento dos meus espaços
Entregue a lucidez de minha loucura,
Irresponsável por meus próprios atos.

- Hulle Horranna

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