quinta-feira, 16 de abril de 2020

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca: AOS OLHOS DELE:




Não acredito em nada. As minhas crenças Voaram como voa a pomba mansa,
Pelo azul do ar. E assim fugiram o As minhas doces crenças de criança. Fiquei então sem fé; e a toda gente Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor, Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

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