Tenho um melro no quintal
Que sabendo ser bem vindo
Oferece-me um recital
Com seu trinado tão lindo
É visita frequente
Vistoso mas descarado
Já não se afasta da gente
Foi por todos adoptado
Pendurado na nespereira
Vai os frutos debicando
Em sua pose altaneira
Sem pressas vai desfrutando
Se os frutos tombam ao chão
Nem mesmo assim os desleixa
Aproveita até mais não
Só os caroços lhes deixa
É negro como o carvão
De longo bico amarelo
Ao vê-lo saltar no chão
Parece ainda mais belo
Se acaso o engaiolasse
Logo perdia o fulgor
Talvez de mágoa deixasse
Esse canto sedutor
É de todos este melro
Pois conserva a liberdade
Fez do quintal seu castelo
Pra cantar com à vontade
Às vezes quando não vem
Fico triste a matutar
Que será que o bicho tem?
Será que não vai voltar?
Este pássaro amistoso
É fiel e agradecido
Por ser tão belo e vaidoso
Tem de ser bem protegido!
‘’Alentejano e Poeta’’
Augusto Molarinho de Andrade
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12 de Maio de 2020
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