sábado, 27 de fevereiro de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Rodolfo Amoedo:

 


Rodolfo Amoedo (Salvador, 11 de dezembro de 1857 — Rio de Janeiro, 31 de maio de 1941) foi um pintor, desenhista, professor e decorador brasileiro. Era professor na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e foi considerado um ótimo conhecedor das técnicas artísticas. Ao começar a lecionar, sempre dava grande importância ao método de aprendizado no momento que ensinava seus alunos. Acreditava que o mais significativo não era criar especialistas e sua maior pretensão era que todos aqueles que passassem por suas mãos se tornassem grandes entendedores de arte.[1]
Tinha uma personalidade forte, a ponto de se envolver em diversas brigas. Visto por muitos críticos como um dos pintores que inovou o conceito do que era pintura durante o fim do Brasil Imperial, foi denominado com o atualizador das obras acadêmicas do final do século XIX e começo do século XX.[2] Ao morrer, suas pinturas foram doadas para o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro.[3]
Rodolpho Amoedo em foto de agosto de 1879.
Nascido em um vilarejo em Salvador (Bahia), em 11 de setembro de 1857, Rodolfo Amoedo era filho de pais atores[3] e estudava no Colégio Sebrão, ainda em Salvador. A família do pintor vivia sem luxo e passava por complicações financeiras.[4] Mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro quando ainda era criança, em 1868, aos 11 anos de idade e foi matriculado no Colégio Vitorio.[5] Começou a exercer seus primeiros traços de artista quando foi convidado por um amigo pintor-letrista para trabalhar no extinto Teatro São Pedro. Foi admitido no Colégio Pedro II e ficou trabalhando por lá por algum tempo, mas a falta de dinheiro o impedia de concluir o ensino. Depois disso, começou a trabalhar como assistente do pintor-letrista Albino Gonçalves.[1] Volta aos estudos somente em 1873, aos 16 anos, matriculando-se no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, onde foi aluno de Costa Miranda e de Antônio Sousa Lobo, que acabou se tornando uma espécie de protetor de Rodolfo. Lá encontrou também o então jovem artista, Victor Meirelles, que teve um importante papel na construção artística do pintor. Afinal, as pinturas de Victor Meirelles eram repletas de lirismo e influenciaram Rodolfo, mesmo em suas obras mais naturalistas. Rodolfo aprendeu a reproduzir a suavidade e a grande variação de cores por conta do legado das obras impressionantes de Meirelles.[3][6]
O Sacrifício de Abel (1878)
No ano seguinte, graças a uma ajuda de Costa Miranda, Amoedo ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) como pensionista, onde estudou com outros grandes artistas, como Zeferino da Costa, Agostinho José da Mota e o escultor Chaves Pinheiro. Em 1878, ainda muito jovem, e com uma tela retratando e nomeada como "O sacrifício de Abel", Rodolfo conquistou, em um polêmico concurso, o Prêmio de Viagem à Europa, no qual concorria com Henrique Bernardelli, e com o paisagista e pintor de assuntos históricos Antônio Firmino Monteiro.[2] O concurso se tornou polêmico pelo fato de que a comissão julgadora tinha classificado Amoedo e Bernadelli como os ganhadores, e ambos ficaram em primeiro lugar, considerados pintores de alto nível. Os jurados sentiram-se incapazes de escolher apenas um e pediram para que os concorrentes resolvem o problema na sorte. Na época, o diretor da Academia se recusou a dar continuidade ao que tinha sido proposto e os jurados tiveram que dar um parecer de sua decisão. Então, foi feita uma votação secreta e o resultado deu empate novamente. O diretor da Academia precisou intervir, escolhendo o pintor Rodolfo Amoedo como o ganhador do concurso. Foi assim que o artista conseguiu sua passagem para estudar em Paris.[3][2]
Para os artistas jovens daquela época, estudar na França era muito importante. Afinal, ali estava a mais prestigiada instituição de ensino, a École des Beaux-Arts. Durante o tempo em que ficou no pensionato, começou a se envolver e a se descobrir também como um amante das obras de caráter indianista, consideradas as melhores de sua carreira. Entre elas, podemos citar o “Marabá” (1882), uma obra que representa o realismo e a sensualidade. Considerada uma renovação final da temática indianista do pintor. Mas não foi uma tela que foi aclamada de imediato pelos críticos da época, justamente por ter uma base de concepção moderna para o período histórico. E o “Ultimo Tamoio” (1883), que é considerada uma pintura em que os progressos de Rodolfo são revelados, se trata de uma técnica superior ao da obra "Marabá". Seus traços são considerados mais firmes e decididos, era a afirmação de que o mundo artístico estava em movimento.[2][6][7]
O Último Tamoio (1883), uma das obras mais notórias de Amoedo. Óleo sobre tela, 180,3 x 260 cm. Assinado R. Amoedo 1883 Paris. Está em exibição e pertence ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Estudos em Paris
Em 1879 mudou-se para Paris. Foi para a cidade luz com a intenção de trabalhar e estudar. Inicialmente, cursa a Academia Julian. A escola exigia exames de anatomia e perspectiva, história geral e desenho ornamental para que o candidato fosse aceito e fizesse parte do grupo de alunos. Mas só em maio de 1880, após submeter-se duas vezes ao exame de admissão,[5] Rodolfo consegue matricular-se na École des Beaux-Arts. É orientado por Alexandre Cabanel, Paul Baudry e Puvis de Chavannes, renomados pintores acadêmicos do Segundo Império. Com estes orientadores, Rodolfo aprendeu a pintar, tendo como base um desenho meticuloso, aprendeu também a usar cores discretas e a criar uma arte mais objetiva. Características que ficaram presentes em suas obras durante muito tempo. Durante o período que ficou cursando a Academia de Julian, pintou temas tradicionais e buscava se livrar um pouco dos seus traços idealistas.[4][6] Rodolfo também teve a oportunidade de ser um dos alunos de Jules Joseph Lefebvre, um importante pintor acadêmico francês que influenciou uma grande parcela dos artistas que estavam na Academia Julian.[3]
As regras da Academia eram rígidas e Rodolfo Amoedo, ciente deste fato, seguiu os primeiros anos na escola sem fazer nada de errado. No ano de 1882, o pintor começou a elaborar uma obra para que pudesse expor no Salon, que era a grande vitrine artística da época.[2] Participou do Salon de Paris em 1882, 1883 e 1884, passando a desenvolver seus grandes temas em torno da mitologia (A narração de Filectas), dos retratos (Amuada), dos temas bíblicos (Jesus em Cafarnaum, A partida de Jacob) e da literatura brasileira, na qual se destacou pela produção de grandes telas voltadas para o indianismo (O Último Tamoio, Marabá).[2][4]
Outro estilo de obra de Rodolfo Amoedo que mexeram com o imaginário de muitas pessoas durante o Segundo Império brasileiro, seriam os nus que o artista fazia. Ele tratava de representar o corpo como um modelo em um quadro hipotético. Que quase sempre eram localizadas em um ambiente tropical, o que nos dá a ideia de estar representando o período colonial brasileiro. Esses nus brasileiros representam o mito do herói e do anti-herói da literatura indianista. Podemos destacar entre as obras de Amoedo, que se encaixam nesta descrição, a obra “O estudo de mulher (Mulher com Ventarola)” (1884) e o “Marabá” (1883), este que representa um nu muito mais realístico e possui um recorte muito mais focado no corpo. O ambiente que é representado em torno do corpo da índia, possui poucos elementos narrativos. É uma obra em que o pintor representa sua ideia de uma maneira mais dramática. O “Marabá”, quando foi exposto em Paris, recebeu louvações e elogios de Alexandre Cabanel, professor prestigiado de Amoedo na École des Beaux Arts.[8] Em 1883, Benedicto de Souza, um correspondente da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro publicou suas impressões a respeito do estilo artístico do pintor: “Eu admiro no Sr. Amoedo esta bela qualidade de querer pintar as cousas de seus país. Quando tiver completa sua educação artística, e quando voltar para o Brasil e estiver em contato imediato com a natureza que ele conhece e que ele também sente e compreende, o Sr. Amoedo há de produzir quadros excelentes. É um artista de futuro.".[3]
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