quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


 
TOLEDO

Diluído numa taça de ouro a arder Toledo é um rubi. 
E hoje é só nosso! O sol a rir...Viv´alma...
Não esboço Um gesto que me não sinta esvaecer...
As tuas mãos tateiam-me a tremer...
Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço, 
É como um jasmineiro em alvoroço
Ébrio de sol, de aroma, de prazer!
Cerro um pouco o olhar, onde subsiste 
Um romântico apelo vago e mudo
- Um grande amor é sempre grave e triste.
Flameja ao longe o esmalte azul do Tejo... 
Uma torre ergue ao céu um grito agudo... 
Tua boca desfolha-me num beijo...

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