quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


 


QUEM SABE?...

Ao Ângelo
Queria tanto saber porque sou eu!
Quem me enjeitou neste caminho escuro? 
Queria tanto saber porque seguro
Nas minhas mãos o bem que não é meu!
Quem me dirá se, lá no alto, o céu Também é para o mau, 
para o perjuro? Para onde vai a alma, que morreu?
Queria encontrar Deus! Tanto o procuro!
A estrada de Damasco, o meu caminho, 
O meu bordão de estrelas de ceguinho, 
Água da fonte de que estou sedenta!
Quem sabe se este anseio de eternidade, 
A tropeçar na sombra, é a verdade,
É já a mão de Deus que me acalenta?

Nenhum comentário:

Postar um comentário