MORTE
Estou indo a morte, tragicamente sem
medo
Nu descalço altivo, no paredão, sem perdão
Crivado por olhares, eu olho a esmo sem
fixar
Não lembro o passado, não penso no
futuro
Sou eu no meu eu, nada preciso
vasculhar
Nos labirintos negros, sou Dédalos
construtor
Sou flor de lótus, mesmo no lamaçal,
alva pura
Integra, intrépida, os tiros
aferrolham, a alma
Vozes se apoderam aleivosa, silencio
analisador
Não busco clemencia, sou consequência,
que fiz
Não matam-me, morto estava, reviverei,
no ar
Caminho para morte, fogueira da não
aceitação
Bruxo intelectual, poções de letras,
reverberam
Magia, saber, livre opinar, vou lutar,
libertar-me
Adele Pereira
13/12/21
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