quarta-feira, 29 de junho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:



O MEU SONETO

Em atitudes e em ritmos fleugmáticos, 
Erguendo as mãos em gestos recolhidos, 
Todos brocados fúlgidos, hieráticos,
Em ti andam bailando os meus sentidos...

E os meus olhos serenos, enigmáticos 
Meninos que na estrada andam perdidos, 
Dolorosos, tristíssimos, extáticos,
São letras de poemas nunca lidos...

As magnólias abertas dos meus dedos 
São mistérios, são filtros, são enredos
Que pecados d´amor trazem de rastros...
E a minha boca, a rútila manhã, 
Na Via Láctea, lírica, pagã,
A rir desfolha as pétalas dos astros!...

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