Nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento -MG, cidade onde
viveu sua infância e adolescência. Seus pais, provavelmente, migraram do
Desemboque para Sacramento quando houve mudança da economia da extração de ouro
para as atividades agropecuárias.
Quanto
a sua escolaridade em Sacramento, estudou em um colégio espírita, que tinha um
trabalho voltado às crianças pobres da cidade, através da ajuda de pessoas
influentes. Carolina estudou pouco mais de dois anos. Toda sua educação formal
na leitura e escrita é com base neste pouco tempo de estudos.
Mesmo
diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento, por
ser negra e pobre, Carolina revelou através de sua escritura a importância do
testemunho, como meio de denúncia, da desigualdade social e do preconceito
racial.
Sua
obra mais conhecida, com tiragem inicial de dez mil exemplares esgotados na
primeira semana, e traduzida em 13 idiomas nos últimos 35 anos é "Quarto
de Despejo -Diário de uma favelada". Essa obra resgata e denuncía a
realidade da favela do Canindé, em São Paulo, no início da
"modernização" da cidade e do surgimento constante das periferias.
Realidade cruel e perversa, até então pouco conhecida. Essa literatura
documentária, pela narrativa feminina, em contestação, tal como foi conhecida e
nomeada pelo jornalismo de denúncia dos anos 50-60, é considerada uma obra
atual, pois a temática da conta de problemas existentes até hoje nas grandes
cidades.
"Quarto
de Despejo" inspirou diversas expressões artísticas como a letra do samba
"Quarto de Despejo" de B. Lobo; como o texto em debate no livro
"Eu te arrespondo Carolina" de Herculano Neves; como a adaptação
teatral de Edy Lima; como o filme realizada pela Televisão Alemã, utilizando a
própria Carolina de Jesus como protagonista do filme "Despertar de um
sonho" (ainda inédito no Brasil); e, finalmente, a adaptação para a série
"Caso Verdade" da Rede Globo de Televisão em 1983.
Carolina
sempre foi muito combativa, por isso era mal vista pelos políticos de esquerda
e direita quando começou a participar de eventos em função do sucesso de seu
livro. Por não agradar a elite financeira e política da época com seu discurso,
acabou caindo no ostracismo e viveu de forma bem humilde até os momentos finais
de sua vida.
Carolina
foi mãe de três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice
de Jesus Lima. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62 anos.
A
obra de Carolina Maria de Jesus é um referencial importante para os estudos
culturais e literários, tanto no Brasil como no exterior e representa a nossa
literatura periférica/marginal e afro-brasileira. Um exemplo de resistência,
inteligência e capacidade que fica pra sempre na história da nossa cultura.
Bibliografia
:
Quarto
de Despejo 1960
Casa
de Alvenaria 1961
Pedaços
de Fome 1963
Provérbios
1963
Diário
de Bitita 1982 (Póstumo).
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