"Queria
saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos
humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos
morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que
leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje
não têm preço."
Em
entrevista ao jornal "A Província", Luís da Câmara Cascudo recriou a
atmosfera da sua meninice, revelando os interesses que desde então o levariam a
se tomar dos mais respeitáveis pesquisadores do folclore e da etnografia de
nosso país.
Filho
de um coronel e de uma dona de casa, de família abastada, Luís da Câmara
Cascudo estudou no Externato Coração de Jesus, um colégio feminino dirigido por
religiosas. Teve professores particulares e depois, por vontade do pai,
transferiu-se para o Colégio Santo Antonio.
Durante
a adolescência, teve fama de namorador, mas acabou apaixonando-se por uma moça
de dezesseis anos, Dália, com quem se casou em 1929. Tiveram dois filhos,
Fernando Luís e Ana Maria Cascudo.
Câmara
Cascudo exerceu várias funções públicas, entre as quais professor, diretor de
escola, secretário do Tribunal de Justiça e consultor jurídico do Estado. Como
jornalista, assinou uma crônica diária no jornal "A República" e
colaborou para vários outros órgãos de imprensa do Recife e de outras capitais.
Na
política, foi divulgador da ideologia integralista (uma adaptação brasileira do
fascismo), exercendo militância na imprensa. Em 1951 tornou-se professor de
direito internacional público na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Três
anos mais tarde, lançou a sua obra mais importante como folclorista, o
"Dicionário do Folclore Brasileiro", obra de referência no mundo
inteiro. No campo da etnografia, publicou vários livros importantes como
"Rede de Dormir", em 1959, "História da Alimentação no
Brasil", em 1967, e "Nomes da Terra", em 1968. Publicou depois,
entre outros, "Geografia dos Mitos Brasileiros", com o qual recebeu o
prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras.
Em
1965, Câmara Cascudo escreveu uma obra definitiva, "História do Rio Grande
do Norte", coligindo pesquisa sobre sua terra natal, da qual jamais se
desligou. Sua obra completa, densa e vastíssima, engloba mais de 150 volumes. O
pesquisador trabalhou até seus últimos anos e foi agraciado com dezenas de
honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos.
fonte de origem:
Nenhum comentário:
Postar um comentário