Em quem pensar,
agora, senão em ti? Tu, que me esvaziaste de coisas
incertas, e trouxeste a manhã da minha noite. É verdade que te podia dizer:
"Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem, sermos o que sempre
fomos, mudarmos apenas dentro de nós próprios? "Mas ensinaste-me a sermos
dois; e a ser contigo aquilo que sou, até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor: ver-te mesmo quando te não
vejo, ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo esse que mal
corria quando por ele passámos, subindo a margem em que descobri o sentido de
irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba. Como gosto,
meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar: com a surpresa dos teus
cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo, com esta sede que não passa.
Tu: a primavera luminosa da minha expectativa, a mais certa certeza de que
gosto de ti, como gostas de mim, até ao fundo do mundo que me deste. Poesia
Reunida 1967-2000 —
com Maria Helena Martins e outras 49 pessoas.
Link para adquirir o Livro: "Enquanto Deus Dormia."
http://24.233.183.33/cont/login/Index_Piloto.jsp?ID=bv24x7br
Nenhum comentário:
Postar um comentário