(Alcalá de Henares, 29 de setembro de
1547 — Madrid, 22 de abril de 16161 ) foi romancista, dramaturgo e poeta
castelhano. A sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerada o primeiro
romance moderno,2 é um clássico da literatura ocidental e é regularmente
considerada um dos melhores romances já escritos.3 Seu trabalho é considerado
entre os mais importantes em toda a literatura3 , e sua influência sobre a
língua castelhana tem sido tão grande que o castelhano é frequentemente chamado
de La lengua de Cervantes (A língua de Cervantes).4
Existem cinco retratos de Cervantes que possuem autenticidade
discutida. O retrato de Juan Jáuregui é o qual a Real Academia Espanhola
suponha ser o exposto por Cervantes no prólogo de suas Novelas Exemplares:
“Este que vedes aqui, de rosto aquilino, de cabelo castanho, fronte
Lisa e desembaraçada, de alegres olhos e
nariz curvo, conquanto bem proporcionado; a barba de prata, que
não há vinte anos fora de
ouro; o bigode
grande, a boca pequena,
os dentes nem miúdos
nem crescidos, porque
não tem senão
seis, e esses mal acondicionados e pior colocados, porque
não tem correspondência uns
com os outros; o corpo entre dois
extremos, nem grande nem pequeno; a cor viva, antes branca
que morena; algo encurvado de ombros e
não muito ligeiro
dos pés. Este, digo, que é
o rosto do
autor de A Galatéia e do Dom Quixote
de La Mancha, e do que fez A Viagem
de Parnaso, à imitação
de César Caporal Perusino,
e outras obras que andam por
aí desgarradas, quem sabe sem
o nome de seu
dono, chama-se comumente
MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA”5
Infância:
Filho de um cirurgião cujo nome era Rodrigo e de Leonor de Cortinas,
supõe-se que Miguel de Cervantes tenha nascido em Alcalá de Henares.6 O dia
exato do seu nascimento é desconhecido, ainda que seja provável que tenha
nascido no dia 29 de setembro, data em que se celebra a festa do arcanjo San
Miguel, pela tradição de receber o nome do santoral. Miguel de Cervantes foi
batizado em Castela no dia 9 de outubro de 1547 na paróquia de Santa María la
Mayor.7 A carta do batismo reza:
Domingo, nueve días del mes de octubre, año del Señor de mill e
quinientos e quarenta e siete años, fue baptizado Miguel, hijo de Rodrigo
Cervantes e su mujer doña Leonor. Baptizóle el reverendo señor Bartolomé
Serrano, cura de Nuestra Señora. Testigos, Baltasar Vázquez, Sacristán, e yo,
que le bapticé e firme de mi nombre. Bachiller Serrano.
Juventude.
Miguel de Cervantes Saavedra (Retratos de Españoles Ilustres, 1791).
Em 1569 foge para Itália depois de um confuso incidente (feriu em duelo
Antonio Sigura), tendo publicado já quatro poesias de valor. Sua participação
na batalha de Lepanto, no ano 1571, onde foi ferido na mão e no peito,8
deixa-lhe inutilizada a mão esquerda que lhe vale o apelido de o manco de
Lepanto.
Em 1575, durante seu regresso de Nápoles a Castela é capturado por
corsários de Argel, então parte do Império Otomano. Permanece em Argel até
1580, ano em que é liberado depois de pagar seu resgate.
Anos de Lisboa:
Cervantes passou 2 anos em Portugal, entre a primavera de 1581 e a de
1583. Viveu em Lisboa.
O escritor tentava conquistar um lugar de favorito na corte do monarca
espanhol, aproveitando os primeiros momentos do reinado português do rei.
Rodeado pelos seus cortesões, Filipe terá trocado as roupas negras e a gola
branca isabelina pelos tecidos ricos e coloridos de Lisboa. Foi neste ambiente
de fausto e deslumbramento real que Cervantes chegou à capital portuguesa, onde
se terá encantado pela cidade e pelas suas damas. Tendo escrito “Para festas
Milão, para amores Lusitânia”.
Cervantes descreve os lisboetas como agraváveis, corteses, liberais e
apaixonados, embora discretos. A formosura das mulheres admira e apaixona.9
Idade adulta[editar | editar código-fonte]
De volta a Castela se casa com Catalina de Salazar em 1584, vivendo
algum tempo em Esquivias, povoado de La Mancha de onde era sua esposa, e se
dedica ao teatro.
Publica em 1585 A Galatea, o seu primeiro livro de ficção, no novo
estilo elegante da novela pastoral. Com a ajuda de um pequeno círculo de
amigos, que incluía Luíz Gálvez de Montalvo, com o livro um público sofisticado
passou a conhecer Cervantes.
Encarcerado em 1597 depois da quebra do banco onde depositava a
arrecadação, "engendra" Dom Quixote de La Mancha, segundo o prólogo a
esta obra, sem que se saiba se este termo quer dizer que começou a escrevê-lo
na prisão, ou simplesmente que se lhe ocorreu a ideia ou o plano geral ali.
Vida literária:
Finalmente, em 1605 publica a primeira parte de sua principal obra: O
engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha. A segunda parte não aparece até
1615: O engenhoso cavaleiro dom Quixote de La Mancha. Num ano antes aparece
publicada uma falsa continuação de Alonso Fernández de Avellaneda.
Entre as duas partes de Dom Quixote, aparecem as Novelas exemplares
(1613), um conjunto de doze narrações breves, bem como Viagem de Parnaso
(1614). Em 1615 publica Oito comédias e oito entremezes novos nunca antes
representados, mas seu drama mais popular hoje, A Numancia, além de O trato de
Argel , ficou inédito até ao final do século XVIII.
Miguel de Cervantes morreu em 1616, parecendo ter alcançado uma
serenidade final de espírito.
Um ano depois de sua morte aparece a novela Os trabalhos de Persiles e
Sigismunda.
Morte:
É bem notória a coincidência das datas de morte de dois dos grandes
escritores da humanidade, Cervantes e William Shakespeare, ambos com data de
falecimento em 23 de abril de 1616. Porém, é importante notar que o Calendário
gregoriano já era utilizado na Castela desde o século XVI, enquanto que na
Inglaterra sua adopção somente ocorreu em 1751. Daí, em realidade, William
Shakespeare faleceu dez dias depois de Miguel de Cervantes.[carece de fontes]
Cervantes, por outro lado, teria morrido em 22 de abril de 1616,
sexta-feira, tendo sido registada a morte no sábado, dia 23, em sua paróquia,
em San Sebastián. Conforme costume da época, no registo constava a data do
enterro. Em 23 de abril é comemorado o Dia do Livro na Espanha.1
Em 2011, um grupo de investigadores históricos e arqueólogos iniciaram
uma busca pelos ossos do autor Miguel de Cervantes na igreja conventual das
Trinitarias em Madrid, onde os seus restos mortais foram depositados em 1616,
não se sabendo exactamente em que parte do monumento. A iniciativa, que permite
reconstruir o rosto do escritor, até agora só conhecido através de uma pintura
do artista Juan de Jauregui, conta com o apoio da Academia Espanhola e o aval
do arcebispado espanhol.
A igreja foi remodelada no final do século XVII, e apesar das certezas
de que os restos do escritor espanhol ali se encontram, ninguém sabia o lugar
exacto onde estará a sua campa.
A descoberta e consequente análise das ossadas do autor espanhol
poderão ainda ajudar os investigadores a determinar as causas da morte de
Cervantes, que se acredita que tenha morrido de cirrose10 .
Em fevereiro de 2014 a Comunidade Autônoma de Madri autorizou a busca
pelos restos mortais de Cervantes e de Catalina, supostamente enterrados no
subsolo do Convento de Las Trinitarias Descalzas, com o uso de radar.11 Em
março de 2015 o time multidisciplinar liderado por Francisco Etxeberría
confirmou o descobrimento dos restos mortais de Cervantes, identificados pelas
iniciais "M.C." em seu caixão. Apesar de uma análise de DNA para
confirmar se os restos são de Cervantes não ser possível (devido ao fato de que
não são muitos os descendentes vivos do dramaturgo para realizar uma comparação
do DNA), o time responsável pela descoberta usou outras informações, como as
iniciais no caixão e o fato de que Cervantes pediu para ser enterrado ali, para
chegar a conclusão; "São muitas as coincidências e não há discrepâncias.
Todos os membros da equipe estão convencidos de que temos entre os fragmentos
algo de Cervantes, embora não possamos dizer em termos de certeza
absoluta", afirmou Etxeberría.12 13 14 15
Teatro:
A única peça teatral trágica a sobreviver de Cervantes é O cerco de
Numancia, na qual é encenada a resistência desesperada da população desta
cidade íbera contra as forças romanas que querem conquistá-la.
Já o volume Oito comédias e oito entremezes nunca antes representados
traz um excelente exemplo do humor cervantino, com seu pleno domínio das
convenções da época; curioso notar as diferenças de tratamento existentes entre
a novela exemplar O ciumento de Extremadura e o entremez O velho ciumento, que
apresentam basicamente a mesma história - a do marido que, para evitar ser
traído, tranca a mulher em casa e proíbe-lhe qualquer contacto com o mundo
externo: Cervantes sacrifica, na peça, boa parte da sutileza da novela para
produzir um efeito cômico mais imediato.
Cronologia:
1547 - Nasce Miguel de Cervantes Saavedra.
1551 - O pai, Rodrigo, é preso por causa de dívidas de jogo.
1566 - A família instala-se em Madrid.
1569 - Após incidente no qual teria ferido um homem, deixa Madrid e vai
morar em Roma.
1571 - Participa da batalha de Lepanto, contra os turcos. Ferido em
combate, tem a mão esquerda inutilizada.
1575 - Capturado por corsários, é levado para Argel, com seu irmão
Rodrigo, onde fica cinco anos em cativeiro.
1581 - Vai para Lisboa, onde escreve peças de teatro.
1584 - De um romance com Ana Franca, nasce Isabel de Saavedra. Casa-se
com Catalina de Palácios Salazar.
1585 - Publica La Galatea. Morte do pai.
1587 - É nomeado comissário real encarregado de recolher azeite e trigo
para a Armada Invencível.
1593 - Morte da mãe. Publicação do romance La casa de los celos.
1597 - É preso em Sevilha, após ser condenado a pagar dívida
exorbitante.
1598 - Deixa a prisão. Morte de Ana Franca.
1605 - É publicada a primeira parte de Dom Quixote.
1613 - Ingressa na Ordem Terceira de São Francisco. Publicação de
Novelas exemplares.
1614 - Surge uma continuação de Dom Quixote, escrita por Avellaneda.
1615 - Cervantes publica a segunda parte de Dom Quixote.
1616 - Morre em Madrid, no dia 23 de abril.
Notas:
a. ^ Sua assinatura é grafada Cerbantes com um
b, mas ele passou a ser conhecido com a ortografia Cervantes, usada pelos
publicadores de suas obras. Saavedra era o sobrenome de um parente distante.
Ele adotou como seu segundo sobrenome após seu retorno da Berbéria.16 Os
primeiros documentos assinados com os dois nomes de Cervantes, Cervantes
Saavedra, aparecem vários anos depois de sua repatriação. Ele começou a
acrescentar o segundo sobrenome (Saavedra, um nome que não corresponde à sua família
imediata) ao seu patronímico em 1586-1587, nos documentos oficiais relacionados
com o seu casamento com Catalina de Salazar.
Fonte de origem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_de_Cervantes
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