Quinto ocupante da Cadeira 31, eleito em 23 de maio de 1974, na
sucessão de Cassiano Ricardo e recebido pelo Acadêmico Herberto Sales em 1º de
outubro de 1974.
José Cândido de Carvalho, jornalista, contista e romancista, nasceu em
Campos, RJ, em 5 de agosto [mas só registrado em 15 de agosto] de 1914, e
faleceu em Niterói, RJ, em 1º de agosto de 1989.
Era filho de lavradores de Trás-os-Montes, norte de Portugal, o pequeno
comerciante Bonifácio de Carvalho e Maria Cândido de Carvalho, que se fixaram
em Campos de Goitacases. Aos oito anos, por doença do pai, veio morar algum
tempo no Rio de Janeiro, quando trabalhou, como estafeta, na Exposição
Internacional de 22. Desses tempos fabulosos da história do mundo, os alegres
anos 20, o menino guardou lembranças inesquecíveis. Logo voltou a Campos, onde
continuou a estudar em escolas públicas. Nas férias trabalhava como ajudante de
farmacêutico, cobrador de uma firma de aguardente e trabalhador de uma
refinação de açúcar.
Ao anunciar-se a Revolução de 30, José Cândido trocou o comércio pelo
jornal. Iniciou a atividade de jornalista na revisão de O Liberal. Entre 1930 e
1939, exerceu funções de redator e colaborador em diversos periódicos de
Campos, como a Folha do Comércio, que se honrava com um dos jornalistas mais
cintilantes de sua geração, R. Magalhães Júnior, O Dia, onde passou a comentar
a política internacional, e ainda a Gazeta do Povo e o Monitor Campista.
Admirador de Rachel de Queiroz e José Lins do Rego, começou a escrever, em
1936, o romance Olha para o céu, Frederico!, publicado em 1939, pela Vecchi, na
coleção "Novos Autores Brasileiros". Concluiu seus preparatórios no
Liceu de Humanidades de Campos e veio conquistar o diploma de bacharel de
Direito, em 1937, pela Faculdade em Direito do Rio de Janeiro.
Passou a morar no Rio, em Santa Teresa, entrando para a redação de A
Noite, um jornal de quatro edições diárias. Como funcionário público, conseguiu
um cargo de redator no Departamento Nacional do Café, mas ali ficou por pouco
tempo. Em 1942, Amaral Peixoto, então interventor no Estado do Rio, convidou-o
para trabalhar em Niterói, onde vai dirigir O Estado, um dos grandes diários
fluminenses, e onde passa a residir. Com o desaparecimento de A Noite, em 1957,
vai chefiar o copidesque de O Cruzeiro e dirigir, substituindo Odylo Costa,
filho, a edição internacional dessa importante revista.
Somente 25 anos depois de ter publicado o primeiro romance, José
Cândido publica, em 1964, pela Empresa Editora de O Cruzeiro, o romance O
coronel e o lobisomem, uma das obras-primas da ficção brasileira, que teve
imediatamente grande sucesso. A segunda edição saiu também pela empresa de O
Cruzeiro. A partir de 1970, a Editora José Olympio passou a reeditar o romance,
que em 1996 atingiu a 41ª edição. Não demorou a ser publicado também em
Portugal e ser traduzido para o francês e o espanhol. Obteve o Prêmio Jabuti,
da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira, e
o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do PEN Clube do Brasil.
Em 1970, José Cândido de Carvalho foi diretor da Rádio Roquette-Pinto,
onde se manteve até 74, quando assumiu a direção do Serviço de Radiodifusão
Educativa do MEC. Em 75, foi eleito presidente do Conselho Estadual de Cultura
do Estado do Rio de Janeiro. De 1976 a 1981, foi presidente da Fundação
Nacional de Arte (Funarte), cargo para o qual foi convidado por uma de suas
maiores admirações políticas, o ministro Nei Braga. De 1982 a 1983 foi
presidente do Instituto Municipal de Cultura do Rio de Janeiro (Rioarte).
Estava escrevendo um novo romance, O rei Baltazar, que ficou inacabado.
Além do grande romance que o inscreveu na literatura brasileira como um
autor singular, José Cândido publicou dois livros de "contados, astuciados,
sucedidos e acontecidos do povinho do Brasil" e reuniu, em Ninguém mata o
arco-íris, uma série de retratos jornalísticos. Sua obra de ficcionista é das
mais originais, graças à linguagem pitoresca e aos personagens, ora picarescos,
ora populares extraídos do "povinho do Brasil".
Fonte de origem:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=734&sid=296
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