Patrono, cadeira 33
Raul de Ávila Pompeia nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ, em 12
de abril de 1863, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 25 de dezembro de 1895. É
o patrono da cadeira n. 33, por escolha do fundador Domício da Gama.
Era filho de Antônio de Ávila Pompeia, homem de recursos e advogado, e
de Rosa Teixeira Pompeia, que pertencia à de Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes. Transferiu-se cedo, com a família, para a Corte e foi internado no
Colégio Abílio, dirigido pelo educador Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas
– mesmo que, em Salvador, educara Castro Alves e Rui Barbosa - estabelecimento
de ensino que adquirira grande nomeada. Passando do ambiente familiar austero e
fechado para a vida no internato, recebeu Raul Pompeia um choque profundo no
contato com estranhos. Logo se distingue como aluno aplicado, com o gosto dos
estudos e leituras, bom desenhista e caricaturista, que redigia e ilustrava do
próprio punho o jornalzinho O Archote. Em 1879, transferiu-se para o Colégio
Pedro II, para fazer os preparatórios, e onde se projetou como orador e
publicou o seu primeiro livro, Uma tragédia no Amazonas (1880).
Em 1881 começou o curso de Direito em São Paulo, entrando em contato
com o ambiente literário e as ideias reformistas da época. Engajou-se nas campanhas
abolicionista e republicana, tanto nas atividades acadêmicas como na imprensa.
Tornou-se amigo de Luís Gama, o famoso abolicionista, tornando-se seu
secretário. Escreveu em jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro,
frequentemente sob o pseudônimo Rapp, um dentre os muitos que depois adotaria.
Ainda em São Paulo publicou, no Jornal do Comércio, as Canções sem metro,
poemas em prosa, parte das quais foi reunida em volume, de edição póstuma.
Também publicou, em folhetins da Gazeta de Notícias, a novela antimonárquica As
joias da Coroa.
Reprovado no 3º ano, em 1883, seguiu com 93 acadêmicos para o Recife e
ali concluiu o curso de Direito, mas não exerceu a advocacia. De volta ao Rio
de Janeiro em 1885, dedicou-se ao jornalismo, escrevendo crônicas, folhetins,
artigos, contos e participando da vida boêmia das rodas intelectuais. Nos
momentos de folga, escreveu O Ateneu, “crônica de saudades”, romance de cunho
autobiográfico, narrado em primeira pessoa, contando o drama de um menino que,
arrancado ao lar, é colocado num internato da época. Publicou-o em 1888,
primeiro em folhetins, na Gazeta de Notícias, e, logo a seguir, em livro, que o
consagra definitivamente como escritor.
Decretada a Abolição, em que se empenhara, passou a dedicar-se à
campanha favorável à implantação da República. Em 1889, colaborou em A Rua, de
Pardal Mallet, e no Jornal do Comércio. Proclamada a República, foi nomeado
professor de mitologia da Escola de Belas Artes e, logo a seguir, diretor da
Biblioteca Nacional. No jornalismo, revelou-se um florianista exaltado, grande
jacobino que era, em oposição a intelectuais do seu grupo, como Pardal Mallet e
Olavo Bilac. Numa das discussões, surgiu um duelo entre Bilac e Pompeia.
Combatia o cosmopolitismo, achando que o militarismo, encarnado por Floriano
Peixoto, constituía a defesa da pátria em perigo. Referindo-se à luta entre
portugueses e ingleses, desenhou uma de suas melhores charges: “O Brasil
crucificado entre dois ladrões”. Com a morte de Floriano, em 1895, foi demitido
da direção da Biblioteca Nacional, acusado de desacatar a pessoa do então
Presidente da República, Prudente de Morais no explosivo discurso pronunciado
em seu enterro. Rompido com amigos, caluniado em artigo de Luís Murat,
sentindo-se desdenhado por toda parte, inclusive dentro do jornal A Notícia,
que não publicara o segundo artigo de sua colaboração - aliás, tratava-se de um
simples atraso - pôs fim à vida, com um tiro no coração, no dia de Natal de
1895.
A posição de Raul Pompeia, ficcionista de
alturas geniais, na literatura brasileira é controvertida. A princípio a
crítica o julgou pertencente ao Naturalismo, mas as qualidades artísticas
presentes em sua obra fazem-no aproximar-se do Simbolismo, ficando a sua arte como
a expressão típica, na literatura brasileira, do estilo impressionista.
Fonte de origem:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=827&sid=306
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