quinta-feira, 2 de abril de 2020

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: O LÁZARO DA PÁTRIA:




Filho podre de antigos Goitacases, Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha, Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

Todos os cinocéfalos vorazes Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha Do bruto embate férreo das tenazes.

Mostra aos montes e aos rígidos rochedos A hedionda elefantíase dos dedos
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece.

Riem as meretrizes no Cassino, E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!

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