
DIPLOMATAS E CÔNSULES
Não se limitou o Circulo de Diplomaticos y Consules Universitarios da Nação Argentina a admitir-me em seu seio como sócio honorário, senão também abriu-me os degraus desta tribuna. Se aquela distinção muito me desvaneceu, esta me deixou, na verdade, confundido. Aceitando-a, como ora faço, digo-vos mui sinceramente que me não julguei na altura dela: apenas desejei, escudado na vossa benevolência, não perder esta ocasião de conversar convosco, neste vosso ilustrado grêmio de palestras e estudos.
Somos, aliás, todos mais ou menos irmãos, nesta vida acidentada de embaixadas e representações. E quando nos reunimos, como hoje acontece, nem sempre é para o desempenho de uma daquelas funções essenciais, que alguém exigiu num bom diplomata, a saber: jogar o bridge, dar um passo de valsa e falar mal do próximo. Quisesse eu executar aqui qualquer delas, e nem vos mo havíeis de permitir, nem o saberia eu, pois jamais blasonei de bom profissional. Não tive nunca queda para o pano verde, alta vai já a idade para o one step, e do próximo costume dizer coisas perversas, não diante de uma assistência brilhante e numerosa como esta, mas aos recantos, em grupos reduzidos, como sabe fazer o murmurador contumaz.
Além disso, aqui se fala e aqui se cuida seriamente da carreira. Não conheço assunto mais grave. É da carreira no seu sentido lato, a carreira da secretaria dos negócios estrangeiros, a carreira diplomática e a carreira consular: carreira, em abreviatura, ou, para dizer na linguagem dela, e consoante o livro célebre que a fustigou, La carrière....
Fonte de origem:
http://www.academia.org.br/academicos/helio-lobo/textos-escolhidos
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