Sol alto. A terra escalda: é um forno. A flama oriunda
Da solar refração bate no mundo, acende O pó,
aclara o mar e por tudo se estende.
E arde em tudo, mordendo a atra terra infecunda.
E o Velho veio para o labor cotidiano, Triste,
do alegre Sol ao grande globo quente E pôs-se para aí,
desoladoramente A revolver da terra o atro e infecundo
arcano. Por seis horas seu braço empenhado na luta,
Fez reboar pelo solo, alta e descompassada
A dura vibração incômoda da enxada,
Rasgando, do agro solo, a superfície bruta.
Mas o braço cansou! Trabalhou... e o trabalho
-- Do Eterno Bem motor principal e alavanca
-- Arrancara-lhe a Crença assim como se arranca
De um ninho a seda branca e de uma árvore o galho!
Sangrou-lhe o coração e a saudade da Aurora!
-- O Hércules que ele fora! O fraco que ele hoje era!
E surpreendido viu que um abismo se erguera
Entre o fraco que era hoje, e entre o Hércules de outrora!
Pois havia de assim, nesta maldita senda De sofrimento
ignaro em sofrimento ignaro Ir caminhando até tombar
sem um amparo No tremendo marnel da Desgraça tremenda?!
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