quarta-feira, 24 de junho de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca: EU...:


Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada ... a dolorida ... 
Sombra de névoa tênue e esvaecida, E que o destino amargo, 
triste e forte, Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida!... 
Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... 
Sou a que chora sem saber por quê... 
Sou talvez a visão que alguém sonhou. Alguém que veio ao mundo pra me ver, 
E que nunca na vida me encontrou!

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