quarta-feira, 24 de junho de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Floebela Espanca: TORTURA:


Tirar dentro do peito a emoção, A lúcida verdade, 
o sentimento! 
- E ser, depois de vir do coração, 
Um punhado de cinza esparso ao vento!... 
Sonhar um verso d´alto pensamento, 
E puro como um ritmo d´oração! 
- E ser, depois de vir do coração, 
O pó, o nada, o sonho dum momento!... 
São assim ocos, rudes, os meus versos: Rimas perdidas, 
vendavais dispersos, Com que eu iludo os outros, com que minto! 
Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, 
estranho e duro, Que dissesse, a chorar, isto que sinto!

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