Bem sei, Amor, que é certo o que receio; mas tu, porque com isso
mais te apuras, de manhoso mo negas, e mo juras
no teu dourado arco; e eu to creio.
A mão tenho metida no teu seio, e não vejo meus danos às escuras; e tu
contudo tanto me asseguras,
que me digo
que minto, e que me enleio.
Não somente consinto neste engano, mas inda
to agradeço, e a mim me nego tudo o
que vejo e sinto de meu dano.
Oh! poderoso mal a que me entrego! Que, no
meio do justo desengano, me possa inda cegar um Moço cego!
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