quarta-feira, 29 de julho de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões: Soneto 096:

 

Bem sei, Amor, que é certo o que receio; mas tu, porque com isso mais te apuras, de manhoso mo negas, e mo juras

                                         no teu dourado arco; e eu to creio.

 

A mão tenho metida no teu seio,  e não vejo meus danos às escuras; e tu contudo tanto me asseguras,

que me digo que minto, e que me enleio.

 

Não somente consinto neste engano, mas inda to agradeço, e a mim me nego tudo o que vejo e sinto de meu dano.

 

Oh! poderoso mal a que me entrego! Que, no meio do justo desengano, me possa inda cegar um Moço cego!


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