domingo, 17 de julho de 2022

Crônicas de Segunda na Usina: SAGA DE BERADEIRO – APERREIO NO ÔNIBUS:


Em tempos atrás, uma cidade do interior só tinha uma empresa de ônibus. Não tinha essa história de alternativos e vans. Na cidade em que eu trabalhei como dentista era nesse modelo, e o dono gostava de dirigir o único ônibus que tinha cadeira semi-reclinável e ar-condicionado, mas sem banheiro. 

Ocorre que esse cidadão é daquele tipo de beradeiro bruto. Do tipo que compra uma galinha viva para o almoço, entrega a mulher e ela pergunta: é para matar? E ele responde: não, dê uma surra e mande embora. Só pra se ter uma ideia. Bem “mansim”. 
Durante as viagens, ninguém tinha coragem de falar com ele. Nem o cobrador. 
Pois bem, um amigo estava nesse ônibus, e para azar dele, sentiu um “vu vu vu” na barriga. Segurou até onde pôde, com medo de ter que falar com o dono/motorista/bruto, pois a próxima parada ainda estava longe. 
Mas, chegou uma hora que a situação ficou crítica, e a “prega mestra” enviou a seguinte mensagem para o cérebro: QSL... Vê se adota providências imediatas... não suportarei por muito tempo essa pressão...estou num cabo-de-guerra sozinha contra uma jamanta...câmbio. 
O amigo, vendo o tamanho do problema, criou cora- gem e foi falar com o tal motorista. Sabe aquele andar de “bi- chinha encabulada”? Um pé na frente do outro, passos curtos e bem devagarzinho. A distância da sua cadeira para a cadeira do motorista tornou-se uma maratona. Nessas horas, as mãos são inúteis, e não adianta correr. É pior. 
Pigarreou e engrenou a pergunta: 
Seu “fulano” estou passando mal e gostaria de saber se o senhor pode parar o ônibus? É uma urgência (na realidade era uma emergência, pois se ocorresse o “derrame” dentro do ônibus, os cinco magrinhos que lá estavam iam morrer na hora). 
O motorista todo invocado disse: você sabe que não posso tá parando pra todo mundo que quer cagar fora de hora, mas como você está muito branco, eu vou parar. Andou ainda mais um pouco, e parou. 
O amigo desceu, e quando olhou ao redor não viu nem uma pedra, uma árvore, uma cerca, um murinho, uma moita... Nada. 
Mas, naquela precisão, correu para detrás do ônibus, e ficou com o fi-o-fó virado para a estrada, correndo o risco de vir outro carro na mesma direção. 
Fez o serviço, usou a cueca para dar uma geral, e jogou em cima da produção. Ficou que nem àquelas cruzes de beira de estrada – marcando a cena e mantendo a lembrança.

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