quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Sexta na Usina: Poetas da Rede: António Manuel Palhinha: MÃOS:



A pequena mão erguia-se para cima. Determinada no seu propósito, segurou o dedo gasto e calejado pelo tempo. Nada nele estranhou! Fixou-se firme, na sua suavidade como seda recebe a firmeza de uma mão que freme através do dedo intemporal. Une-se o tempo do antes e do depois nas gerações distintas. O tempo ascende até onde o braço se alonga. Da força dos antepassados emerge a raiz do mundo que agora descobre, caminhando no amparo que alimenta a força do seu corpo. Ergue o olhar emoldurando em sonhos a distância do rosto do companheiro, e a brisa ligeira afaga os seus cabelos deixando um sabor de vida partilhado. Assim esculpido no tempo que não se apaga, ficam algumas memórias que fluem, inconfessáveis se tornam nos espaços dos sentidos que as guardam em segredo. Com a força da vida, firma-se-lhe a mão, e de subido, surgem as palavras do pequeno petiz… “Pai, olha a... bobolaleta…”

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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR - António Manuel Palhinha

FOTO: Internet

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