quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Poesia de quinta na Usina: Augusto dos Anjos: O CANTO DA CORUJA:

 



A coruja cantara-lhe na porta Sinistramente a noite inteira! 
Indício Mais certo não havia! -- Era o suplício!...
Daí a pouco, ela seria morta.
Saiu. O Sol ardia. A estrada torta

Lembrava a antiga ponte de Sublício...
Havia pelo chão um desperdício
De folhas que a áurea xantofila corta.
Nisto, ouve o canto aziago da coruja! 

-- Quer fugir, e não vê por onde fuja.
Implora a Deus como a um fetihe vago...
- Se ao menos voasse! -- E o horror começa! 
Rasga As vestes; uma convulsão a engasga

E morre ouvindo o mesmo canto aziago!

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