quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca: SEM PALAVRAS:


 
Brancas, suaves mãos de irmã
Que são mais doces que as das rainhas, 
Hão de pousar em tuas mãos, 
as minhas Numa carícia transcendente e vã.

E a tua boca a divinal manhã
Que diz as frases com que me acarinhas, 
Há de pousar nas dolorosas linhas
Da minha boca purpurina e sã.

Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes; 
Só eles te dirão que tu existes
Dentro de mim num riso d’alvorada! 
E nunca se amará ninguém melhor; 

Tu calando de mim o teu amor,
Sem que eu nunca do meu te diga nada!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário