quarta-feira, 6 de julho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Trovas Burlesca:

 


— 18 —

Oh Musa de Guiné, còr de azeviche,

Estatua de granito denegrido,

Ante quem o Leão se põem rendido,

Despido do furor de atroz braveza;

Empresta-me o cabaço d'urucungo, (1)

Ensina-me a brandir tua marimba,

Inspira-me a sciencia da candimba, (2)

A's vias me conduz d'alta grandeza.

Quero a gloria abater de antigos vates,

Do tempo dos Heroes armipotentes;

Os Homeros, Camoens—aurifülgentes,

Decantando os Baroens da minha Pátria!

Quero gravar em lúcidas columnas

Obscuro poder da parvoice,

E a fama levar da vil sandice

A's longínquas regioens da velha Bactria!

Quero que o mundo, me encarando, veja

Hum retumbante Orpheo de carapinha,

Que a Lyra despresando, por mesquinha,.

Ao som decanta de Marimba augusta;

E, qual outro Arion entre os Delfins,

Os ávidos piratas embaindo—

As ferrenhas palhetas vai brandindo

Com estylo que presa a Lybia adusta.

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