quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Primeiras Trovas Burlescas:

 




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Homem—sentiu na carne desnudada
O açoite do algoz nodoar a honra,
E o sangue sobre a face envergonhada
Mudo escreveu o grito da deshonra!
Era escravo!—deixai-o que combata;
Livre nunca elle foi, quer sel-o agora,
Como o peixe no mar, a ave na matta,
Como no Céo a aurora!
Oh deixai-o morrer 1—d'este martyrio
Não alceis a calumnia ao gráo da historia!
Que fique a lusa mão em seu delírio
Já que o corpo manchou, manchar a gloria!
Respeitemos as cinzas do guerreiro
Que no pó sacudira a alteira fronte!
Quem sabe esse mysterio segredeiro
Do sol lá no horisonte?!
Não se vendeu! infâmia... era hum escravo!
Sentiu o estygma vil, horrendo sèllo;
Pulsou-lhe o coração, viu que era hum bravo;
Quiz despertar do negro pesadèllo!
Tronco sem folhas, triste e solitário,
Debalde o vento assoberbar tentou,
Das azas do tufão ao sopro vário
Estremeceu—tombou!
Deztmbro de A. I. Aniunes.

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