quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Alphonsus Guimarães:

 



XI

Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno: Cantam a vida, 
e nenhum deles sente Que decantando vai o próprio inferno. 
Cantam esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte.

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