quarta-feira, 14 de abril de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varella:

 


O MESMO

Desde a quadra mais antiga De que rezam pergaminhos, Cantam a mesma cantiga Na floresta os passarinhos.

 

Têm o mesmo aroma as flores,

 

Mesma verdura as campinas,

A brisa os mesmos rumores,

Mesma leveza as neblinas.

 

Tem o sol as mesmas luzes,

 

Tem o mar as mesmas vagas,

O deserto as mesmas urzes,

A mesma dureza as fragas.

 

Os mesmos tolos o mundo,

 

A mulher o mesmo riso,

O sepulcro o mesmo fundo,

Os homens o mesmo siso.

 

E neste insípido giro,

 

Neste vôo sempre a esmo,

Vale a pena, em seu retiro,

Cantar o poeta, mesmo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário