quarta-feira, 14 de abril de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 


III

 

Morrem as estações, morrem os tempos!

 

Morrem os dias, como as noites morrem:

 

Também acaba o homem —

 

E o Anjo do extermínio, desdenhoso,

 

Encara estultas pompas, que distinguem

 

O servo do senhor, o rei dos povos;

 

E fazendo correr-lhes pelas frontes

 

A rasoura da morte, traça o nível.

 

Que cabe aos homens todos.

 

Tudo no mundo expira:

 

Só sobranceiro à lousa o Gênio altivo

 

Nos vôos acompanha a eternidade!

 

Soberbo em seu poder persegue a morte,

 

E consegue vencê-la,

 

Mil vítimas lhe arranca,

 

E da imortalidade nos altares

 

As mostra coroadas.

 

Em vão do manto esquálido

 

A bárbara sacode o voraz verme

 

No cadáver do sábio;

 

Lá desce o Gênio intrépido,

 

Em vão as frias cinzas lhe arremessa

 

Nos abismos do olvido;

 

E, ao lume da lanterna da memória,

 

Ajunta as cinzas, sopra o fogo santo

 

Da santa poesia,

 

O sábio ressuscita e pasma o mundo!

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