quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

 


 

 VOLÚPIA


No divino impudor da mocidade, Nesse êxtase pagão que vence a sorte, 
Num frêmito vibrante de ansiedade, Dou-te meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade... A nuvem que arrastou o vento norte...
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte: Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço... São os dedos do sol quando te abraço, 
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...

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