Há espelhos
Adormecidos
Perdidos
Pelos cantos
Das casas
Em quartos
Solitários
De paredes lisas
Em infinitos
Silêncios
Interrompidos
Por vazios
Preenchidos
Por mundos imaginários
Gritos abafados
Segredos
Proibidos
Medos
Envolventes
Olhos bonitos
Carentes
Bem delineados
Há espelhos
Intrometidos
Que nos devolvem
A imagem
Comprometidos
Com a nossa solidão
Em dias sombrios
Iluminados
Por elegantes castiçais
De luminosidades
Apagadas
Há espelhos
Luzidios
De risos
Abertos
Como janela de alma
Escancarada
Às gargalhadas musicais
Em iludidos
Paraísos
Mas há os mais sofridos
Aqueles rachados
Partidos
Em lágrimas quebradas
Nas faces
Em viagens
Nas estradas
De pisos
Escorregadios
À deriva
Engolidas
Pelas margens
Dos lábios fechados
E tristes
É também nestes espelhos
Que sei
Que tu em mim existes
Que me iludo
E me perco
Te encontrando
Num rumo incerto
De encanto
É lá que deixo
O beijo
Marcado
De emoção
De tom
Vermelho garrido
Nas manhãs
De súbito desejo
De te ter ao meu lado
E tu
Não estás comigo!
Luísa Rafael
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