quarta-feira, 4 de maio de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:



IDEALISMO


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo! 
O amor da Humanidade é uma mentira. 
É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?! 
Quando, se o amor quea Humanidade inspira 
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!
Pois é mister que, para o amor sagrado, 
O mundo fique imaterializado
-- Alavanca desviada do seu futuro --
E haja só amizade verdadeira 
Duma caveira para outra caveira, 
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário