No
meio do caminho desta vida
me
vi perdido numa selva escura,
solitário,
sem sol e sem saída.
Ah,
como armar no ar uma figura
desta
selva selvagem, dura, forte,
que,
só de eu a pensar, me desfigura?
É
quase tão amargo como a morte;
mas
para expor o bem que encontrei,
outros
dados darei da minha sorte.
Não
me recordo ao certo como entrei,
tomado
de uma sonolência estranha,
quando
a vera vereda abandonei.
Sei
que cheguei ao pé de uma montanha,
lá
onde aquele vale se extinguia,
que
me deixara em solidão tamanha,
e
vi que o ombro do monte aparecia
vestido
já dos raios do planeta
que
a toda gente pela estrada guia.
Então
a angústia se calou, secreta,
lá
no lago do peito onde imergira
a
noite que tomou minha alma inquieta;
e
como náufrago, depois que aspira
o
ar, abraçado à areia, redivivo,
vira-se
ao mar e longamente mira,
o
meu ânimo, ainda fugitivo,
voltou
a contemplar aquele espaço
que
nunca ultrapassou um homem vivo.
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