(Londres, 25 de janeiro de 1882 — Lewes, 28 de março de 1941) foi uma
escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais
proeminentes figuras do modernismo.
Woolf era membro do
Grupo de Bloomsbury e desempenhava um papel de significância dentro da
sociedade literária londrina durante o período entre guerras. Seus trabalhos
mais famosos incluem os romances Mrs. Dalloway (1925), Ao Farol (1927) e
Orlando (1928), bem como o livro-ensaio Um Teto Todo Seu (1929), onde
encontra-se a famosa citação "Uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo
seu se ela quiser escrever ficção".
Biografia:
Julia Stephen com
sua filha Virginia em 1884.
Estreou na
literatura em 1915 com o romance A Viagem, que abriu o caminho para a sua
carreira como escritora e uma série de obras notáveis. Morreu em 1941, tendo
cometido suicídio.
Virginia Woolf era
filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma
que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912 casou com
Leonard Woolf, com quem fundou em 1917 a Hogarth Press, editora que revelou
escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf apresentava
crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf,
e para a irmã, Vanessa Bell. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais
amara na vida, e comete suicídio.
Virginia Woolf foi
integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira
Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e
sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, dentre outros, os
escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton
Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
A obra de Virginia é
classificada como modernista. O fluxo de consciência foi uma de suas marcas
mais conhecidas e da qual é considerada uma das criadoras.
Suas reflexões sobre
a arte literária - da liberdade de criação ao prazer da leitura - baseadas em
obras-primas de Conrad, Defoe, Dostoievski, Jane Austen, Joyce, Montaigne,
Tolstoi, Tchekov, Sterne, entre outros clássicos, foram reunidos em dois
volumes publicados pela Hogarth Press em 1925 e 1932 sob o título de The Common
Reader - O Leitor Comum, homenagem explícita da autora àquele que, livre de
qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal.
Uma seleta destes
ensaios, reveladores da busca de Virginia Woolf por uma estética não só do
texto mas de sua percepção, foi reunida em língua portuguesa em 2007 pela
Graphia Editorial, com tradução de Luciana Viegas.
Infância e
juventude[editar | editar código-fonte]
Sir Leslie Stephen,
pai de Virginia, em cerca de 1860.
Virginia Woolf era
filha do escritor, historiador, ensaísta e biógrafo de Sir Leslie Stephen
(1832-1904) e sua segunda esposa Julia Prinsep Jackson (1846-1895). Ela tinha
três irmãs: Vanessa Stephen (1879-1961), Thoby Stephen (1880-1906) e Adrian
Stephen (1883-1948). Além disso, a meia-irmã, Laura Makepeace Stephen
(1870-1945) do primeiro casamento de seu pai com Harriet Marion Thackeray
(1840-1875) e os meio-irmãos George Duckworth (1868-1934), Stella Duckworth
(1869-1897) e Gerald Duckworth (1870 -1937), do primeiro casamento de sua mãe
com Herbert Duckworth. A família residiu em Kensington, Londres, 22 Hyde Park
Gate. A elite intelectual e artística da época, como Alfred Tennyson, Thomas
Hardy, Henry James e Edward Burne-Jones, frequentava os saraus de Leslie
Stephen.
Psicanalistas e
biógrafos descrevem que os meio-irmãos de Virginia, Gerald e George Duckworth,
a abusaram ou, pelo menos, tocaram de forma um tanto imoral, o que poderia ter
causado a doença maníaco depressiva, agora chamada de transtorno bipolar1 , de
Virginia2 . A própria Virginia revela experiências sobre a rigidez do período
vitoriano em sua obra autobiográfica A Sketch Of The Past (obra ainda sem
tradução para o português). Hermione Lee escreve em sua biografia sobre
Virginia Woolf: "A evidência é forte o suficiente, porém também ambígua o
suficiente para traçar o caminho para interpretações psicobiográficas
contraditórias e mostra representações bastante distintas da vida interior de
Virginia Woolf.3 " Outros pesquisadores, em oposição a um olhar
psiquiátrico, trabalham com a predisposição genética de sua família. Também o
pai de Virginia era conhecido por sofrer de casos de auto-dúvida e sintomas de
estresse, expressados em persistentes dores de cabeça, insônia, irritação e
ansiedade; reclamações parecidas com as posteriores de sua filha.
Virginia Stephen não
frequentou escola, foi educada, em vez disso, por professores particulares e
através de aulas com seu pai. Ela era impressionada pelo trabalho literário e
pelo trabalho de editor do monumental Dictionary of National Biography de seu
pai e também por sua vasta biblioteca particular, daí desde cedo a expressão de
tornar-se escritora. Em cinco de maio de 1895, quando morreu sua mãe, Virginia,
então com 13 anos, sofreu seu primeiro colapso mental. Sua meia irmã Stella,
quem primeiro comandou a casa após a morte da mãe, casou-se dois anos depois
com Jack Hills e, com isso, deixou a casa da família. Stella morreu pouco
depois de sua lua de mel em razão de uma peritonite.
De 1882 a 1894, a
família passou suas férias de verão em Talland House, sua residência de verão
com vista para a praia de Porthminster e para o farol de Godrevy Point. A casa
era localizada na pequena cidade litorânea de St Ives em Cornualha, que em 1928
tornou-se uma colônia de artistas. Virginia descreve o local em suas memórias:
Cquote1.svg "Nossa casa era [...] no morro. [...]
Tinha uma ótima vista [...] de toda a baía até o farol Godreyver. Na encosta do
morro, havia pequenos gramados que eram emoldurados por moitas maiores [...].
Entrava-se em Talland House por um grande portão de madeira – [...] e vinha-se,
então, à direita para Lugaus [...] De Lugaus, tinha-se uma visão bastante clara
da baía.4 " Cquote2.svg
Em 26 de junho de
1902, o pai de Virginia foi nomeado Cavaleiro da Mais Honorável Ordem do Banho.
Durante esse período, Virginia escreveu diversos ensaios e os preparou para
publicação. Em janeiro de 1904, Virginia teve seu primeiro artigo publicado no
suplemento feminino impresso pelo The Guardian. Em 22 de fevereiro de 1904, seu
pai morreu de câncer. Isso significou um período de ruptura, que foi marcado
pela exaustiva convivência de Virginia com a difícil personalidade de Leslie.
Os desentendimentos entre Vanessa e Virginia haviam começado já em 1897, com a
morte de Stella, meia irmã de Virginia, que, para Leslie, havia assumido o
papel de dedicada dona de casa. Dez semanas após morte de seu pai, Virginia
sofreu seu segundo episódio de doença mental, do qual não se recuperaria antes
do final daquele ano.
Em 1899, o irmão
mais velho de Virginia, Thoby, começou a estudar na Trinity College em
Cambridge. Em um jantar no dia 17 de novembro de 1904, Virginia conheceu o
amigo de seu irmão, seu futuro marido Leonard Woolf, que estudava direito e
estava prestes a aceitar uma posição no serviço colonial do Ceilão.
Grupo de Bloomsbury
Alguns membros do
Grupo de Bloomsbury - da esquerda para a direita: Lady Ottoline Morrell, Maria
Nys (mais tarde Mrs. Aldous Huxley), Lytton Strachey, Duncan Grant e Vanessa
Bell.
As irmãs Stephen se
mudaram em 1905 de Kensington para o bairro de Bloomsbury, em uma casa no
número 46 na Gordon Square. Ali Thoby estabeleceu que todas as quintas-feiras
aconteceriam reuniões com seus amigos. Com essa prática, fundou-se o Grupo de
Bloomsbury, que contava com membros do Cambridge Apostles. Neste círculo, além
de Virginia, estavam incluídos escritores como Saxon Sydney-Turner, David
Herbert Lawrence, Lytton Strachey, Leonard Woolf, pintores como Mark Gertler,
Duncan Grant, Roger Fry, Vanessa, a irmã de Virginia, críticos como Clive Bell
e Desmond MacCarthy e cientistas como John Maynard Keynes e Bertrand Russell.
Virginia era grata
por poder participar do círculo intelectual - do qual ela e Vanessa eram as
únicas mulheres - para poder colaborar nas discussões e livrar-se das algemas
de sua educação moralista. No mesmo ano, Virginia passou a escrever para
diferentes jornais e revistas, sua colaboração para o Times Literary Supplement
durou até o final de sua vida. Desde o final de 1907, deu aulas de literatura
inglesa e história em Morley College, uma instituição de ensino para adultos
trabalhadores.
Em 20 de novembro de
1906, Thoby Stephen, irmão mais velho de Virginia, adoeceu com febre tifoide em
uma viagem à Grécia e morreu pouco antes de completar 26 anos - uma perda
difícil de ser superada por Virginia. Pouco depois, Vanessa ficou noiva de
Clive Bell, eles se casaram em sete de fevereiro de 1907 e permaneceram na casa
em Gordon Square, enquanto Virginia e Adrian Stephen se mudaram para uma casa
no número 29 da Fitzroy Square, que também era localizada no distrito de
Bloomsbury.
As reuniões dos
"Bloomsberries" tinham então duas bases; o salão de Vanessa Bell teve
seu início progressivo. O tom das conversas era descontraído, os participantes
se tratavam pelo primeiro nome e as discussões não tinham apenas caráter
intelectual, mas sim um calor humano. A pequena burguesia inglesa era contra o
que queriam lutar no campo da literatura, da arte e da sexualidade.
No ano seguinte,
Virginia viajou para Siena e para Perúgia, voltando para o Reino Unido depois
de uma estada em Paris. Em fevereiro de 1909, Lytton Strachey pediu Virginia em
casamento e ela aceitou. No entanto, mudou de ideia e ambos concordaram em
esquecer o pedido.
No verão de 1909,
Lady Ottoline Morell, uma aristocrata e mecenas de artes, tomou conhecimento
sobre Virginia. Ela juntou-se ao círculo de Bloomsbury e fascinou a todos com
sua aparência extravagante. Seu estilo de vida exótico influenciou o grupo, de
forma que eles aceitaram o convite para ir à sua casa em Bedford Square, às dez
horas das quintas-feiras, convidados como Winston Churchill e D. H. Lawrence
também eram encontrados nesses eventos. Mais tarde, sua casa em Garsington
Manor, perto de Oxford era o ponto de encontro dos Bloomsberries. Virginia
representou Ottolineem seu romance Mrs. Dalloway, que ela descreve como um
“Garsington Novel”, uma espécie de monumento literário 5 .
No ano de 1909,
Virginia herdou 2500 libras de sua tia Caroline Emelia Stephen (1834 - 1909), a
herança facilitou a continuidade de sua carreira como escritora. 6
O Embuste de
Dreadnought[editar | editar código-fonte]
Os embusteiros em
trajes abissínios - a figura barbada na extrema esquerda é Virginia.
Em 10 de fevereiro
de 1910, Virginia, junto com Duncan Grant, seu irmão Adrian Stephen e três
outros "Bloomsberries" organizaram o embuste de Dreadnought, o que os
levou a sofrer inquérito oficial pelas autoridades. Com um telegrama falso
enviado HMS Dreadnought, a trupe viajou para Weymouth em um vagão especial.
Virginia, Duncan e dois de seus amigos usaram fantasias orientais e pintavam-se
de preto, para que não fossem reconhecidos. Eles visitaram o navio de guerra a
convite do Comandante Supremo das Forças Armadas como se fossem uma delegação
de quatro diplomatas abissínios, um membro do British Foreign Office e um
intérprete. O embuste funcionou: Representantes conduziram a delegação através
do navio altamente secreto, as bandeiras foram hasteadas e banda tocou em sua
honra. No entanto, eles tocaram o hino nacional de Zanzibar, não o da
Abissínia. O grupo conversou um pouco em suaíli e o intérprete balbuciou alguns
jargões e citou Virgílio. Felizmente, o único tripulante que falava suaíli não
estava presente naquele dia.
Uma foto da recepção
foi enviada por Horace Cole, que pertencia ao grupo para o Daily Mirror e foi
lá publicada7 . Além disso, ele mesmo foi ao Foreign Office para relatar a
brincadeira. Os "Bloomsberries" queriam, com seu golpe sobre a
burocracia, ridicularizar o "Empire", o que fizeram com o nome do
navio "Dreadnought" (não tema), que foi um protótipo para uma nova
gama de navios de combate com o mesmo nome, e sucedeu no sentido do jogo de
palavras, o que representou uma dupla vergonha para as lideranças militares.A
Royal Navy exigiu que o instigador Horace Cole fosse preso, mas sem sucesso,
pois o grupo não havia descumprido nenhuma lei. Cole ofereceu levar seis
chibatadas, sob a condição de poder revidá-las. Duncan Grant foi sequestrado
por três homens, foi golpeado duas vezes em um campo e voltou para casa de trem,
usando pantufas.8 [vago]
Obra[editar | editar
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Edifício onde
funcionava a Hogarth Press, editora de Virginia e seu marido Leonard, onde
publicou grande parte de sua obra.
Woolf começou a
escrever profissionalmente em 1900 com um artigo jornalístico sobre Haworth, a
casa da família Brontë, para o Times Literary Supplement9 . O seu primeiro
romance, A Viagem, foi publicado em 1915 pela editora do seu meio-irmão, a
Geral Duckworth and Company Ltd. O romance foi inicialmente intitulado de
Melymbrosia, mas Woolf alterou diversas vezes o rascunho. Uma versão prematura
de A Viagem foi reconstruída pela especialista em Woolf Louise DeSalvo e está
disponível ao público sob o título inicial. DeSalvo afirma que muitas mudanças
feitas no texto por Woolf foram resultado a mudanças na sua própria vida.10
A partir daí Woolf
passou a publicar romances e ensaios, tornando-se uma intelectual pública com
sucesso tanto crítico quanto popular. Grande parte do seu trabalho foi
publicado através da Hogarth Press. Ela é vista como uma das maiores
romancistas do século vinte e uma das principais modernistas.11
Também é considerada
uma grande inovadora do idioma inglês. Nos seus trabalhos experimentou o fluxo
de consciência e a psicologia íntima, bem como tramas emocionais dos seus
personagens. A reputação de Woolf caiu bruscamente após a Segunda Guerra
Mundial, mas a sua importância foi reestabelecida com o crescimento da crítica
feminista na década de 1970.12
As peculiaridades de
Virginia Woolf como uma escritora de ficção tendem a ofuscar a sua principal
qualidade: Woolf é indiscutivelmente a maior romancista lírica do idioma
inglês. Os seus romances são altamente experimentais: uma narrativa, frequentemente
rotineira e comum, é trabalhada – e algumas vezes quase que dissolvida – sob a
consciência receptiva dos personagens. Um lirismo intenso e um virtuosismo
estilístico se unem para criar um mundo superabundante de impressões
audiovisuais13 . Woolf tem frequentemente sido destacada entre os escritores do
fluxo de consciência, ao lado de modernistas que foram seus contemporâneos,
como James Joyce e Joseph Conrad.14
A intensidade da
visão poética de Virginia Woolf eleva os planos ordinários, e muitas vezes
banais – grande parte ambientados entre guerras -, de boa parte dos seus
romances. Mrs. Dalloway (1925), por exemplo, foca nos esforços de Clarissa
Dalloway, uma socialite de meia-idade, para organizar uma festa, mesmo quando a
sua vida é paralelizada com a de Septimus Warren Smith, um veterano de guerra
da classe operária que retornou da Primeira Guerra Mundial tendo que suportar
diversos efeitos colaterais psicológicas da guerra.15
Ao Farol (1927)
situa-se em dois dias separados por dez anos. O enredo foca na animação e
reflexão sobre a família Ramsay, prestes a fazer uma visita ao farol, e às
tensões familiares relacionadas ao evento. Um dos principais temas do romance é
a luta do o processo criativo da pintora Lily Briscoe, que tenta pintar em meio
ao drama familiar e às pressões alheias que a assolam. O romance também é uma
reflexão sobre as vidas dos habitantes de uma nação que está no meio de uma
guerra, e sobre as pessoas deixadas para trás. Também explora a passagem do
tempo, e como as mulheres são forçadas pela sociedade a permitir que os homens
tomem-lhes força emocional.16
Orlando (1928) é um
dos romances mais leves de Virginia Woolf. Uma biografia paródica de um jovem
nobre que vive por três séculos sem envelhecer mais do que trinta anos (mas que
abruptamente transforma-se em uma mulher), o livro é em parte um retrato da
amante de Woolf, Vita Sackville-West. Tencionava inicialmente consolar Vita
pela perda de sua mansão ancestral, apesar de retratar também de forma satírica
Vita e a sua obra. Em Orlando, as técnicas de historiadores biógrafos são
ridicularizadas; o personagem de um biógrafo pomposo é assumido para que ele
seja debochado.17
As Ondas (1931)
apresenta um grupo de seis amigos cujas reflexões, que estão mais próximas de
recitativos que solilóquios, criam uma atmosfera parecida com uma onda, o que
faz com que o livro pareça-se mais um poema em prosa do que um romance com um
enredo.18
Flush: Uma Biografia
(1933) é em parte ficção, em parte a biografia do cocker spaniel pertencente à
poeta vitoriana Elizabeth Barrett Browning. O livro foi escrito do ponto de
vista do cachorro. Woolf foi inspirada a escrever este livro após o sucesso da
peça de Rudolf Bessier, The Barretts of Wimpole Street. Na peça, Flush está no
palco na maior parte das cenas. A peça foi produzida pela primeira vez em 1932
pela atriz Katharine Cornell.
A sua última obra,
Entre os Atos (1933), resume e amplia as preocupações principais de Woolf: a
transformação da vida através da arte, a ambivalência sexual e a reflexão sobre
temas referentes à passagem do tempo e da vida, apresentados simultaneamente
como corrosão e rejuvenescimento – tudo situado em uma narrativa altamente
imaginativa e simbólica que abrange quase toda a história da Inglaterra. Este é
o livro mais lírico de todas as suas obras, não somente na questão sentimental
mas também na estilística, sendo principalmente escrito em versos19 . Ao passo
em que o trabalho de Woolf pode ser entendido como consistentemente em diálogo
com Bloomsbury, particularmente a sua tendência (notada por G. E. Moore, dentre
outros) de seguir em direção a um racionalismo doutrinário, não uma simples
recapitulação de ideais elitistas.20
Posturas em relação
ao judaísmo, cristianismo e fascismo[editar | editar código-fonte]
Woolf foi chamada
por alguns de antissemita, apesar de ter tido um casamento feliz com um judeu.
Este antissemitismo vem do fato de ela muitas vezes escrever sobre personagens
judeus sob arquétipos e generalizações estereotipados, o que inclui descrever
alguns de seus personagens judeus como fisicamente repulsivos e sujos21 . O
esmagador e crescente antissemitismo dos anos de 1920 e 1930 possivelmente
influenciaram Virginia Woolf. Ela escreveu em seu diário: “Não gosto da voz
judaica; não gosto da risada judaica”. Em uma carta de 1930 à compositora Ethel
Smyth, citada na biografia Virginia Woolf de Nigel Nicolson, ela relembra que o
seu ódio pelo judaísmo de Leonard confirmou as suas tendências esnobes, “Como
eu odiei casar um judeu – Quão esnobe fui eu, já que são eles quem têm a grande
vitalidade”22 .
Em outra carta a
Smyth, Woolf faz uma mordaz crítica ao cristianismo, citando-o como um “egoísmo
hipócrita” e declarando que “meu judeu tem mais religião em uma unha do pé –
mais amor humano, em um cabelo”23 .
Woolf e seu marido
Leonard odiaram e temeram o fascismo dos anos de 1930 com o seu antissemitismo
mesmo antes de saber que estavam na lista negra de Hitler. O seu livro Três
Guinéus, de 1938, era uma denúncia ao fascismo.24
Morte[editar |
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Busto de Virginia
Woolf em Tavistock Square, Londres.
No ano de 1941, com
o estopim da Segunda Guerra Mundial, a destruição da sua casa em Londres
durante o Blitz e a fria recepção da crítica à sua biografia do seu amigo Roger
Fry, Virginia Woolf foi condicionada ao impedimento da sua escrita e caiu em
uma depressão semelhante às que sofreu durante a juventude.
Em 28 de março de
1941, Woolf colocou seu casaco, encheu os seus bolsos com pedras, caminhou em
direção ao Rio Ouse, perto de sua casa, e se afogou. Seu corpo foi encontrado
somente três semanas mais tarde, em 18 de abril de 1941, por um grupo de
crianças25 perto da ponte de Southease.
Em seu último
bilhete para o marido, Leonard Woolf, Virginia escreveu:
Querido,
Tenho certeza de que
enlouquecerei novamente. Sinto que não podemos passar por outro daqueles tempos
terríveis. E, desta vez, não vou me recuperar. Começo a escutar vozes e não
consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que me parece ser a melhor
coisa a fazer. Você tem me dado a maior felicidade possível. Você tem sido, em
todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Não acho que duas pessoas
poderiam ter sido mais felizes, até a chegada dessa terrível doença. Não
consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida, que sem mim você
poderia trabalhar. E você vai, eu sei. Veja que nem sequer consigo escrever
isso apropriadamente. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo toda a
felicidade da minha vida a você. Você tem sido inteiramente paciente comigo e incrivelmente
bom. Quero dizer que – todo mundo sabe disso. Se alguém pudesse me salvar teria
sido você. Tudo se foi para mim, menos a certeza da sua bondade. Não posso
continuar a estragar a sua vida. Não creio que duas pessoas poderiam ter sido
mais felizes do que nós.
V.
Está sepultada em
Non-Cemetery, Sussex na Inglaterra.26
Legado:
Apesar de ao menos
uma biografia de Virginia Woolf ter aparecido ainda em sua vida, o primeiro
estudo criterioso de sua vida foi publicado em 1972 pelo seu sobrinho Quentin
Bell.
A biografia Virginia
Woolf, de Hermione Lee, de 1966, fornece um exame detalhado e criterioso da
vida e do trabalho de Woolf.
Em 2001 Louise
DeSalvo e Mitchell A. Leaska editaram The Letters of Vita Sackville-West and
Virginia Woolf. O livro Virginia Woolf: An Inner Life, publicado em 2005 por
Julia Briggs, é o exame mais recente da vida de Woolf, focando na sua escrita e
incluindo seus romances e comentários sobre o processo criativo e os reflexos
na sua vida. O livro My Madness Saved Me: The Madness and Marriage of Virginia
Woolf, de Thomas Szasz, foi publicado em 2006.
Feminismo
Selo da Romênia de
2007 em homenagem a Virginia.
Recentemente, estudo
sobre Virginia Woolf focam nos temas feministas e lésbicos do seu trabalho,
como na coleção de ensaios críticos de 1997 Virginia Woolf: Lesbian Readings,
editada por Eileen Barrett e Patricia Cramer.
Os livros de ensaios
mais famosos de Woolf, Um Quarto Todo Seu (1929) e Três Guinéus (1938),
examinam a dificuldade que escritoras e intelectuais mulheres enfrentam graças
ao fato dos homens deterem desproporcionalmente o poder legal e econômico,
assim como o futuro das mulheres na educação e sociedade. Em O Segundo Sexo
(1949), Simone de Beauvoir a coloca, entre todas as mulheres que já viveram,
entre as três únicas escritoras – Emily Brontë, Woolf e “às vezes” Katherine
Mansfield – que já exploraram “o dado”.
Psiquiatria
Muitas discussões
foram travadas em torno dos problemas psiquiátricos de Woolf, descrito como
“doença maníaco-depressiva” no livro The Flight of the Mind: Virginia Woolf’s
Art and Manic-Depressive Illness, de Thomas Caramagno, de 1992, em que ele
também alerta contra o “gênio neurótico” com que se vê problemas psiquiátricos,
onde as pessoas acreditam que a criatividade de alguma forma nasce desses
problemas (o termo “maníaco-depressivo” foi abandonado por “transtorno bipolar”
devido à infundada associação daquele a atos violentos). Em dois livros de
Stephen Trombley, Woolf é descrita como tendo uma relação conflituosa com os
seus médicos, e possivelmente sendo uma mulher que foi uma “vitima da medicina
masculina”, referindo-se à ignorância de então sobre doenças psiquiátricas.
O livro Who’s Afraid
of Leonard Woolf: A Case for the Sanity of Virginia Woolf, de Irene Coates,
argumenta que o tratamento que Leonard Woolf deu para sua esposa piorou a sua
saúde debilitada e acabou por ser o responsável pela sua morte. Apesar de se
sustentar em muitas pesquisas e fontes, este ponto de vista não é apoiado pela
família de Leonard. O livro Leonard Woolf: A Biography, de Victoria
Glendinning, sustenta, na contramão, que Leonard Woolf foi não só um suporte para
sua esposa como também permitiu que ela vivesse tão longe quanto viveu
fornecendo-lhe a vida e atmosfera que ela requeria para viver e escrever. Os
próprios diários de Virginia apoiam essa visão sobre o casamento dos Woo .
Causando muita
controvérsia, Louise A. DeSalvo interpreta, no seu livro de 1989 Virginia
Woolf: The Impact of Childhood Sexual Abuse on her Life and Work, a maior parte
da vida e da carreira de Woolf sob as lentes do abuso sexual incestuoso que
Woolf sofreu quando jovem.
A ficção de Woolf
também é estudada pela sua sensibilidade em assuntos como neurose de guerra,
guerra, classes e a sociedade britânica moderna.
Bibliografia Romances
A Viagem28 (1915)
Noite e Dia29 (1919)
O Quarto de Jacob30
(1922)
Mrs. Dalloway31
(1925)
Ao Farol32 (1927)
Orlando33 (1928)
As Ondas34 (1931)
Os Anos35 (1937)
Entre os Atos36
(1941)
Coleções de
contos[editar | editar código-fonte]
Kew Gardens (1919)
Monday or Tuesday
(1921)
A Haunted House and
Other Short Stories (1944)
Mrs. Dalloway's
Party (1973)
The Complete Shorter
Fiction (1985)
A Casa de Carlyle e
Outros Esboços37 (2003)
Biografias[editar |
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Virginia Woolf
publicou três livros cujos subtítulos são "Uma Biografia", apesar dos
dois primeiros serem ficcionais.
Orlando: Uma
Biografia (1928, normalmente considerado um romance)
Flush: Uma
Biografia38 (1933, ligando ficção e biografia através do fluxo de consciência e
da história da dona do cachorro, a poetisa Elizabeth Barrett Browning)
Roger Fry: A
Biography (1940, contando a história de Roger Fry, crítico e amigo então
recém-falecido de Virginia)
Ensaios[editar |
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Modern Fiction
(1919)
O Leitor Comum39
(1925)
Um Teto Todo Seu40
(1929)
On Being Ill (1930)
The London Scene
(1931)
The Common Reader:
Second Series (1932)
Três Guinéus41
(1938)
The Death of the
Moth and Other Essays (1942)
The Moment and Other
Essays (1947)
The Captain's Death
Bed and Other Essays (1950)
Granite and Rainbow
(1958)
Books and Portraits
(1978)
Women and Writing
(1979)
Collected Essays (em
quatro volumes)
Teatro[editar |
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Freshwater: A Comedy
(performado em 1923, revisado em 1935 e publicado em 1976)
Traduções[editar |
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Stavrogin's
Confession & the Plan of 'The Life of a Great Sinner', dos rascunhos de
Fiódor Dostoiévski, traduzido em parceria com S. S. Koteliansky (1922)
Diários[editar |
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A Writer's Diary
(1953 - trechos do diário integral)
Momentos de Vida42
(1976)
A Moment's Liberty:
the shorter diary (1990)
Os Diários de
Virginia Woolf43 (em cinco volumes, com diários de 1915 a 1941)
Passionate
Apprentice: The Early Journals, 1897-1909 (1990)
Travels With
Virginia Woolf (1933 - diário grego de Virginia Woolf, editado por Jan Morris)
The Platform of
Time: Memoirs of Family and Friends, Expanded Edition (2008 - editado por S. P.
Rosenbaum)
Cartas[editar |
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Congenial Spirits: The
Selected Letters (1993)
The Letters of
Virginia Woolf, 1888-1941 (1993)
Paper Darts: The
Illustrated Letters of Virginia Woolf (1991).
Fonte de origem:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia_Woolf
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