Ele era branco, e ela branca, Ambos claros como a luz... Casaram. Baile de arranca, E pagodeira de truz...
O mais formoso dos ninhos Era a casa, à beira-mar, Onde, como dois pombinhos, Foram os dois arrulhar.
Só eles... e um cozinheiro, Que era o crioulo Manuel, Crioulo lesto e ligeiro, Obediente... e fiel.
Ali, Amor assentava Os seus doces arraiais,
E o mar, gemendo, invejava Aqueles beijos... e o mais.
Nove meses decorridos, Uma notícia correu: Escutaram-se os vagidos...
E o morgadinho nasceu!
Que horror! que espanto! o menino, Filho daquela afeição,
Era belo e pequenino, Mas... preto como carvão!...
O marido, ardendo em chama,
Fígado cheio de fel, Quer, ali mesmo na cama,
Estrangular a infiel.
Ela, porém, que o conhece, Pergunta: — "Você que tem? "Você maluco parece... "Reflita um pouco, meu bem!
"Bem lhe eu dizia, homem duro! "Porém, você a teimar...
"Olhe! O que é feito no escuro, "Sempre há-de de escuro ficar!
"Pois... o pobre pequenino... "Feito de noite... bem se vê... Cada qual tem seu destino....
"O culpado foi você. "
Tudo acaba em alegria...
Mas o Manuel, no fogão, Malicioso sorria,
E temperava o feijão.
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