domingo, 24 de outubro de 2021

Crônicas de Segunda na Usina: D'Araújo: A roda da existência baseada no consumo:




Inadvertidamente um dia a gente nasce, somos celebrados pela chegada, mas ninguém nos avisa para aproveitarmos a infância, pois seus dias fora das obrigações do perverso sistema passam como um relâmpago, e as tempestades logo chegaram, Somos todos treinados, conduzidos e induzidos, a sonhar, a ter, a possuir a comprar para que possamos nos encaixar em uma roda viva, onde a parte de cima te oferece a matéria prima e a parte de baixo gira a roda todos os dias da nossa breve vida, dormimos acordamos trabalhamos, voltamos para casa e o espelho das desgraças nos diz a todos o que devemos pensar falar, comer, vestir, ouvir, e assim seguimos os condutores da roda sem nunca nos perguntarmos, é isso que eu sou, é isso que eu quero, é isso que eu sonho. Não, eles nos mantém suficientemente ocupados em saber, o que vamos vestir se está calor se está frio, ou se só sentamos e assistimos a nova alvorada em nossos pijamas de bolinhas se assim nos permitir, é triste ver a raça humana sendo conduzida como um rebanho para o abate, sem se questionar, sem se quer imaginar se poderia ter seus próprios princípios e valores, e assim inverter o giro da roda da vida. Não importa se você é branco preto pardo, mulato ou amarelo a roda gira na mesma velocidade para todos. Os senhores da sabedorias, Ressuscitam, salvam, curam e libertam, em nome de Deus que segundo eles é sobre todas coisas, e que ninguém foge a espada da justiça deste Pai. Mesmo assim nada disso seria possível sem a figura implacável do Demônio. Alguns pontos são de pura insensatez, pois se Deus é pai, logo não condenaria seu próprio filho para depois salva-lo. E se ele é sobre todas as coisas, como justificar a existência do demônio. Seria para que coubesse nesse baú das anormalidades o livre arbítrio. 
Palavra fascinante, que determina suas escolhas próprias, desde que não ofendam as mentes privilegiadas da parte de cima. 
E se de repente todos escolhessem o inferno, assim que importância teria Deus. 
E se fosse ao contrário, que importância teria o demônio 
Assim tudo se torna um circulo vicioso, onde não importa o que você escolha, ou vai precisar de alguém para te salvar, ou de alguém para te proteger. Ou seja você não tem livre árbitro. Você escolhe um lado e segue girando a roda, de calça de short, pelado, de terno, não importa sua escolha o importante é que você gire a roda. 
O oponente do pai da criação. Assim todos tendem a obedecer seja pela lei dos homens, seja pela lei do criador ou pela força maior do seu opositor. 
Não temos saída, somos criados para servir, e esperar que um dia nos encontremos todos num paraíso de eterna felicidade em perfeita harmonia, dos opressores e oprimidos. 
Chega ser ridículo tal suposição, imaginar que alguns nasceram para mandar, e outros para serem mandados. 
Alguns para serem salvos e outros condenados, e assim vamos seguindo a massa sem rumo na espera da vinda do salvador. Para certamente nos salvar da burrice de nós mesmos. 
E se você não se encaixa na roda, tem três opção: Clinica Psiquiátrica, cadeia ou cemitério, ou morar na rua e tentar fugir do sistema aí você acaba virando escravo do mesmo sistema, pois vai depender da bondade alheia, que na maiorias das vezes passa longe da bondade, mas um desencargo de consciência, pois toda boa alma também tem seu próprio ópio. 
Alguns se entregam em seios devaneios e acabam se consumindo em templos igrejas e terreiros, outros vomitam sua tristes amarguras nos belos estádios como nos bons tempos das selvagerias do velhos Coliseus, mas  há os que encharcam suas tristes almas nos etílicos dos sonhos ou no pó e nos ácidos dos desalentos do viver, e os que se deleitam dos fardo pesado do conhecimento e a tenebrosa chama dos desejos eternos. 
Todos juntos no mesmo corredor da inevitável morte. 
Não tenho aqui a intensão de criticar ou denegrir qualquer, opinião politica, ou religiosa. 
Mas tentar entender uma conta que não fecha, e uma balança que não pesa nada.
a não ser nossos tristes desalentos.

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