sábado, 1 de agosto de 2020

Domingo na Usina: Biografias: Maria Firmina dos Reis:

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Maria Firmina dos Reis (São Luís, Maranhão, 11 de março de 1822[1] — Guimarães, 11 de novembro de 1917) foi uma escritora da época, considerada a primeira romancista negra brasileira.[3][4]

Biografia

Juventude e família

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de março de 1822, sendo batizada somente a 21 de dezembro de 1825, em virtude de uma enfermidade que a acometeu nos primeiros anos de vida. Segundo o registro, Maria Firmina foi batizada na freguesia de Nossa Senhora da Vitória, em São Luís do Maranhão, sendo padrinhos o capitão de milícias João Nogueira de Souza, e Nossa Senhora dos Remédios, não sendo informada nem sua paternidade nem a data do nascimento. Em 25 de junho de 1847, visando a inscrição no concurso público da cadeira de primeiras letras da vila de São José de Guimarães, então apenas possível para a idade mínima de 25 anos, Maria Firmina solicitou nova certidão de justificação de batismo, na qual informou a data de nascimento como 11 de março de 1822, e o nome de sua mãe, Leonor Felipa, mulata forra, sendo o processo concluído em 13 de julho desse ano. Leonor Felipa havia sido escrava do comendador Caetano José Teixeira, falecido em 1819, grande comerciante e proprietário de terras na vila de São José de Guimarães, proprietário de uma companhia comercial com avultadas transações no fim do período colonial, e no início do Império.[1]

Tanto o registro de batismo como a certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito, datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. João Pedro Esteves, homem de posses, era sócio do antigo dono da mãe de Maria Firmina, a escrava Leonor Felipa, na sua companhia comercial.[1]

Segundo algumas fontes, seria prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte da mãe, embora se desconheça com que fundamento e em que grau.[1]

Em 1830, mudou-se com a família para a vila de São José de Guimarães, no continente. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna mais bem situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881.[5] Maria Firmina dos Reis nunca se casou.[6]

 

Carreira

Em 1859, publicou o romance “Úrsula” considerado o primeiro romance de uma autora do Brasil.[7] Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto "A Escrava", no qual se descreve uma participante ativa da causa abolicionista.[8]

 

Aos 54 anos de idade e 34 de magistério oficial, anos antes de se aposentar, Maria Firmina fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi.[9] Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam.[9] A acadêmica Norma Telles classificou a iniciativa de Maria Firmina como "um experimento ousado para a época".[9] Essa ação inovadora vai ao encontro das lutas das feministas brasileiras do final do século XIX que desejam a igualdade de ensino para meninas.[6]

 Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi musicista e compositora.[10] A autora era abolicionista:[8] ao ser admitida no magistério, aos 22 anos de idade, sua mãe queria que fosse de palanquim receber a nomeação, mas a autora optou por ir a pé, dizendo a sua mãe: "Negro não é animal para se andar montado nele."[11] Chegou também a escrever um "Hino da Abolição dos Escravos"[11]

 Descreveu-se, em 1863, como tendo "uma compleição débil, e acanhada" e, por conta disso, "não poderia deixar de ser uma criatura frágil, tímida, e por consequência, melancólica."[10] Os que a conheceram, quando tinha cerca de 85 anos, descreveram-na como sendo pequena, parda, de rosto arredondado, olhos escuros, cabelos crespos e grisalhos presos na altura da nuca.[10] Uma antiga aluna caracterizou-a como uma professora enérgica, que falava baixo, não aplicava castigos corporais, nem ralhava, preferindo aconselhar.[10] Era reservada, mas acessível, sendo estimada pelos alunos e pela população da vila: toda passeata de moradores de Guimarães parava em sua porta, ao que davam vivas e ela agradecia com um discurso improvisado.[10]

 Morte

Maria Firmina dos Reis morreu, cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava, Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação.[11]

 É a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses, em São Luís.[12]

 Homenagens

Maria Firmina dos Reis foi homenageada em um doodle do Google, em 11 de outubro de 2019, em comemoração ao seu 194º aniversário[13].

 Obra

Conceição Evaristo apresenta a “escrevivência” como a escrita de um corpo, de uma condição, de uma experiência negra no Brasil. O primeiro elemento que compõe a escrevivência, o corpo, reporta à dimensão subjetiva do existir negro, sendo um arquivo de impressões ao longo da vida, marcado na pele e na luta constante por afirmação e reversão de estereótipos.[14] A condição da mulher negra, o segundo elemento, evidencia diversos problemas herdados da situação colonial, visto que, por meio da escravidão, as mulheres foram subjugadas em diversos âmbitos.[15] A escrevivência de Maria Firmina dos Reis, uma escritora negra, também pode ser percebida na representação das suas personagens negras, pois a história da literatura influencia diretamente na nacionalidade e, por consequência, também na construção da imagem dos gêneros, meio utilizado para consolidação do poder masculino.[15]

 

Maria Firmina apresenta o negro em sua dimensão humana e confere a ele uma posição de sujeito de discurso, o que pode revelar uma íntima identificação com o negro escravizado, apresentando uma solidariedade que, nas palavras de Eduardo de Assis Duarte, “nasce de uma perspectiva outra, pela qual a escritora, irmanada aos cativos e a seus descendentes, expressa, pela via da ficção, seu pertencimento a este universo de cultura”. [16]

 Lista de obras

Seleção obtida a partir do livro Escritoras brasileiras do século XIX: Antologia.[5]

 Úrsula. Romance, 1859.

Gupeva. Romance, 1861/1862 (O jardim dos Maranhenses) e 1863 (Porto Livre e Eco da Juventude).

Poemas em: Parnaso maranhense, 1861.

A escrava. Conto, 1887 (A Revista Maranhense n° 3)

Cantos à beira-mar. Poesias, 1871.

Hino da libertação dos escravos. 1888.

Poemas em: A Imprensa, Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha; Federalista.

Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias e música de Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e música).

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