sexta-feira, 23 de julho de 2021

Contos do Sábado na Usina: Olavo Bilac: IMUNIDADE...:

 



Foi Praxedes Cristiano À Capital Federal: Levou a mulher, o mano
E a filha. E, ao cabo de um ano, Regressa ao torrão natal. 
Regressa... Vão esperá-lo, Com festas e rapapés, Os amigos, à cavalo; 
Queimam-se as bichas de estalo, Foguetes e busca-pés. 
Praxedes, guapo e pachola, Vem transformado e feliz: Traz polainas e cartola, 
E guarda-chuva de mola, E botinas de verniz. 
E a mulher, gorda matrona, É aquilo que se vê: 
— Vem que parece uma dona, 
— Vestido cor de azeitona, Saído do Raunier... 
Depois do almoço, se ajunta Toda a gente principal: 
E, depois de toda junta. 
— O que há de novo, pergunta, 
Na Capital Federal. 
Praxedes impa de orgulho, E principia a falar: 
"Ah! que vida! que barulho! No Rio, este mês de julho 
É mesmo um mês de gozar!" 
Praxedes fala de tudo, Sem cousa alguma esquecer; 
Todo o auditório peludo Fica tonto, fica mudo, E de tudo quer saber. 
Nisto, o velho boticário, Sujeito de distinção, 
Que idolatra o Formulário E é a glória do campanário. Põe em campo esta questão: 
"Já que tanta cousa viste, Praxedes, dize-me cá: Dizem, não sei se por chiste Ou por maldade, que existe Muita sífilis por lá..." 
"É pura intriga, seu Ramos! (Diz o Praxedes) que quer? Um ano por lá passamos... E nada disso apanhamos, 
Nem eu, nem minha mulher!"

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