Quantas
pessoas anônimas morrem todos os dias e de diversas formas! Por doenças.
Pandemia. Fome. Feminicídio. Homicídio. Negligenciadas em Pronto Socorros ou
hospitais. Esquecidas em asilos ou orfanatos. E por serem invisíveis, não nos
importamos.
Quantos
de nós conhecem os familiares enlutados?
E
quantos de nós sabem o quão solitários viveram?
Qual
foi a vida que tiveram, quantas conquistas, quantas derrotas...
Mas
nos envolvemos solidários com a dor da perda de pessoas públicas. Desde Airton
Sena, Gugu Liberato, Louro José, Vanusa... até quem mais findar.
Quem
chora as Geraldas e os Jerônimos, os de sobrenome sem raízes influentes? Ou os
sem nome por serem natimortos ou as finadas grávidas que nem chegam a parir os
filhos de pais desassumidos, os desidratados do amor?
Deixo
registrada aqui minha homenagem, igualmente anônima, na intenção empática
diante da morte.
Não
conheço estas pessoas e elas não me
conhecem. Por vezes nem as notícias as revelam.
Todos
são filhas ou filhos de alguma mãe e de algum pai.
São
netas ou netos de avós distanciados.
Talvez
sejam irmãs ou irmãos calados pelo tempo.
Talvez
sejam mães e pais desnecessários.
Mas
sabemos que todos os dias morrem sorrisos e olhares de esperança.
Morrem
sonhos.
Morrem
pessoas que nem sabíamos que existiam...
Mírian
Cerqueira Leite
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