terça-feira, 10 de novembro de 2020

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Mírian Cerqueira Leite:


 

Quantas pessoas anônimas morrem todos os dias e de diversas formas! Por doenças. Pandemia. Fome. Feminicídio. Homicídio. Negligenciadas em Pronto Socorros ou hospitais. Esquecidas em asilos ou orfanatos. E por serem invisíveis, não nos importamos.

Quantos de nós conhecem os familiares enlutados?

E quantos de nós sabem o quão solitários viveram?

Qual foi a vida que tiveram, quantas conquistas, quantas derrotas...

Mas nos envolvemos solidários com a dor da perda de pessoas públicas. Desde Airton Sena, Gugu Liberato, Louro José, Vanusa... até quem mais findar.

Quem chora as Geraldas e os Jerônimos, os de sobrenome sem raízes influentes? Ou os sem nome por serem natimortos ou as finadas grávidas que nem chegam a parir os filhos de pais desassumidos, os desidratados do amor?

Deixo registrada aqui minha homenagem, igualmente anônima, na intenção empática diante da morte.

Não conheço estas pessoas  e elas não me conhecem. Por vezes nem as notícias as revelam.

Todos são filhas ou filhos de alguma mãe e de algum pai.

São netas ou netos de avós distanciados.

Talvez sejam irmãs ou irmãos calados pelo tempo.

Talvez sejam mães e pais desnecessários.

Mas sabemos que todos os dias morrem sorrisos e olhares de esperança.

Morrem sonhos.

Morrem pessoas que nem sabíamos que existiam...

Mírian Cerqueira Leite

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