A HISTÓRIA DO POETA
Autor: Edilberto Jose Soares
( O Poeta da Favela )
Se o doutor me dé licença
Pra minha história contar
Eu não sou o Patativa
Ném nasci no Ceará
Mas sou filho do Nordeste
Não nego o meu naturá
Também a seca de lá
Me jogou de lá pra cá
Eu nascir na Paraíba
No sítio Carnaúba
Município de Tacima
Bebi água de cacimba
Ainda lembro com saudade
Criança na orfandade
De Pai e Mãe no Sertão
Ainda chora o coração
Daquela criança triste
Alegria não existe
Pra quem vive a orfandade
Mas nem tudo era tristeza
Ne encantava com a beleza
A metamorfose do Sertão
O vôo da asa branca
O canto do curupira
A doçe vida caipira
Quem viveu nunca esquece
Pois era assim que vivia
Eu era feliz e não sabia
Não sabia que a vida
Era muito mais além
Dali partir pra Belém
Fui parar em Nova Cruz
No Agreste Potiguar
Lá começei estudar
Lá aprendi namorar
Lá começei trabalhar
Lá cansei e viajei
Muito cedo me casei
Migração, paú de arara
De cara quebrei a cara
Choque da cidade grande
Traiçoeira que só ela
Me mostrou logo a favela
Ali é o teu lugar
Logo eu gostei de lá
Tanta gente do Sertão
Que pensei de coração
Sertão mudou de lugar
Mas logo veio a peleja
Sobrevivência diária
Encarando qualquer parada
Peão no trecho sem profissão
Com a vida desenganada
Quando pensei que não
Já tava na vida errada
Se errei se acertei
Isso eu não sei dizer
Vivi vida de rei
Que nunca eu ia ter
Droga, putaria, orgia,
Era a vida que vivia
Eu era o fora da lei
Demorou, chegou a lei
Caiu o meu castelo
Ai conheci o inferno
Traição e abandono
Os amigos se mataram
Também foram assassinados
Pelo regime tirano
Do nosso Brasil insano
No meio do desengano
Lá no fundo do poço
Ouvi uma voz me chamar
Era minha mãe querida
Que veio me visitar
Transbordando de alegria
Lágrimas de arrependimento
Ali naquele momento
Veio a mim a poesia
Que veio como cascatas
Fiz canções e serenatas
Vi a Divina Comédia
Neste Teatro da vida
Que é loucura e festa
Essa é a louca história
Deste Humilde Poeta
Edilberto Jose Soares
Que veio tremer a terra
Que vai sacudir os ares
Quando LIBERTAREM A MINHA VOZ.
Duque de Caxias
Rio de Janeiro
Brasil
10 de Junho de 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário