sábado, 28 de agosto de 2021

Domingo na Usina: Biografias: José Luandino Vieira:

 


José Luandino Vieira, pseudónimo literário de José Vieira Mateus da Graça (Vila Nova de Ourém, 4 de maio de 1935) é um escritor e tradutor luso-angolano[1] [2].
Originário da vila de Ourém, aos três anos de idade José Vieira Mateus da Graça, que viria a adotar o nome literário de José Luandino Vieira, viajou para Angola, juntamente com os seus pais.
Passou toda a infância e juventude em Luanda, onde fez os estudos secundários. Com o eclodir da Guerra Colonial, ingressou nas fileiras do MPLA, participando na luta armada contra Portugal. Já antes estivera detido pela PIDE, por se manifestar contra a ditadura, em 1959; voltaria a ser detido em 1961, e subsequentemente condenado a 14 anos de prisão. Até 1964 passou por várias cadeias em Luanda, até que no último desses anos foi transferido para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde passou oito anos.
Em 21 de Maio de 1965, encontrando-se Luandino preso há quatro anos, a Sociedade Portuguesa de Escritores, então presidida por Jacinto do Prado Coelho, deliberou atribuir-lhe o Grande Prémio de Novela, pela sua obra Luuanda. Depois de os jornais portugueses noticiarem o galardão, a Direcção dos Serviços de Censura detectou a gaffe política e proibiu qualquer referência ao prémio sem um enquadramento crítico face ao escritor, aos membros do júri e à própria SPE, cuja sede foi assaltada e destruída na noite de 21 de Maio, alegadamente por "desconhecidos", mas na realidade elementos da polícia política PIDE e da Legião Portuguesa. Por despacho datado do mesmo dia 21 de Maio, o Ministro da Educação Nacional, Inocêncio Galvão Teles, extinguiu a Sociedade Portuguesa de Escritores.[3] Na sua edição de 23 de Maio, o Jornal do Fundão noticiou os prémios, elogiando fortemente os vencedores, incluindo Luandino, e recusando qualquer referência ao estatuto criminal do escritor. Em consequência, o periódico foi suspenso durante seis meses e multado, tendo a sua caução aumentado exponencialmente até cumprir a obrigação de apresentar as provas à delegação de Lisboa dos Serviços de Censura e não de Castelo Branco. Só viria a retomar a normalidade no final de Novembro de 1965, após exposições do diretor ao Presidente do Conselho.[4]
Em 2009, numa rara entrevista concedida ao jornal Público, Luandino confidenciou que as notícias do prémio chegaram tardiamente ao Tarrafal, pois o director do campo de detenção retardou a informação. Como o escritor estava impossibilitado de candidatar a obra, bem como o seu editor, foi com surpresa que percebeu que a obra fora, mesmo assim, distinguida, graças à intervenção do crítico literário Alexandre Pinheiro Torres.[5]
Saiu em regime de liberdade condicional em 1972, passando a viver em Lisboa, sujeito à medida de segurança residência sob vigia. Foi trabalhar com o editor Sá Costa (até à Revolução de Abril) e iniciou a publicação da sua obra, escrita, na grande maioria, nas prisões por onde passou.
Em 1975 regressou a Angola. O regime da agora independente República Popular de Angola — de que Luandino é um ideólogo, pois assume a função de diretor do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA (1975-1979) — atribui a Luandino Vieira responsabilidades ligadas ao setor audiviosual e cinematográfico; começa por ser diretor da Televisão Popular de Angola (1975-1978), e passa depois a dirigir o Instituto Angolano de Cinema (1979-1984). Foi igualmente cofundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992), e secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos (1979-1984).
Na sequência das eleições de 1992, porém, e desiludido com o reinício da guerra civil angolana, Luandino Vieira acabou por regressar ao seu país natal. Radicou-se numa zona rural do Minho, próximo de Vila Nova de Cerveira.
A recusa do Prémio Camões
Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o maior galardão literário da língua portuguesa. Luandino recusou o prémio alegando, segundo um comunicado de imprensa, «motivos íntimos e pessoais». Entrevistas posteriores, sobretudo ao Jornal de Letras, esclareceram que o autor não aceitara o prémio por se considerar um escritor morto e, como tal, entendia que o mesmo deveria ser entregue a alguém que continuasse a produzir. Ainda assim publicou dois novos livros em 2006.
Cargos que exerceu

1975 - 1978 - organizou e dirigiu a Televisão Popular de Angola

1979 - dirigiu o Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA.

1975 - 1980 - secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (Membro Fundador).
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