— “Se queres tanto ser esclarecido
Eu te direi” — tornou-me — “frase breve
87 Por que sem medo às trevas hei descido.
“Somente as cousas recear se deve
Que a outrem podem ser causa de dano
90 Não das mais: a temor a causa é leve.
“De Deus favor criou-me soberano
Tal, que a vossa miséria não me empece
93 Nem deste incêndio assalta o fogo insano.
“Nobre Dama há no céu, que compadece O mal, a que te envio;
e tanto implora, 96 Que lá decreto austero se enternece.
— “Volvendo-se a Luzia, assim a exora: “O teu servo fiel tanto periga,
99 Que ao teu amparo o recomendo agora”. —
“Luzia, sempre do que é mau imiga
Ergue-se e ao lugar foi, em que eu sentada
102 Ao lado estava de Raquel antiga.
“De Deus vero louvor!” — diz-me apressada
— “Volvendo-se a Luzia, assim a exora: “O teu servo fiel tanto periga,
99 Que ao teu amparo o recomendo agora”. —
“Luzia, sempre do que é mau imiga
Ergue-se e ao lugar foi, em que eu sentada
102 Ao lado estava de Raquel antiga.
“De Deus vero louvor!” — diz-me apressada
— “Por que não socorrer quem te amou tanto,
105 Que só por ti deixou do vulgo a estrada?
“Não lhe ouves, Beatriz, o amargo pranto?
“Não lhe ouves, Beatriz, o amargo pranto?
Não vês que junto ao rio é combatido,
108 Que ao mar não corre, por mortal espanto?” —
“Os danos, tão veloz, não tem fugido Ninguém, nem procurado o que deseja,
108 Que ao mar não corre, por mortal espanto?” —
“Os danos, tão veloz, não tem fugido Ninguém, nem procurado o que deseja,
111 Como eu, em tendo vozes tais ouvido;
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