terça-feira, 12 de abril de 2022

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Andreia O.Marques:


 

Quero-me de volta

Quero-me de volta!

Sentir o ápice das minha vontades

Correr solta como criança

A bailar com a lua sem hora pra o fim

Resgatar em meu eu a pureza dos versos

Sentir cada linda escrita,

chorar e sorrir de emoção a cada nova poesia

Adentrar em meu íntimo, redescobrir-me

Quero-me de volta, a tempos me perdi

As vezes sinto-me escapulir

Sinto a vida esvair-se de meu ser

Sinto a dormência do fim

Neste mar em fúria que navego,

Luto contra as marés que me engolem

Vejo-me Inconsciente matar meus versos

Vendo minha alma emudecer de fome

Indo a lugar nenhum, dormente à tudo

Sinto a lucidez tão distante, cegando minha visão

Como louca vagando em meu submundo

Tentando enxergar nesse limbo, piedade, absolvição.

Quero-me de volta!

Libertar-me desta prisão

Livrar-me desta opressão

Deliberar meu norte

Purificar-me das minhas danações

Exorcizar de mim essa quase morte

Ser quem sou, exposta aquém de reprovações

Quero em mim a inspiração que sempre foi explícita

Trazer à tona o tom, a verve visceral

Que rasga convenções, sacode a alma, alucina

A loucura tão minha, sem o ócio dito normal

Quero-me de volta à vida!

Transbordar, desnudar o verso que de mim eclode

Sem divagações, sem enigmas

Pior que essa morte em vida, é essa quase morte

Quero-me de volta em meus versos.

Andreia O.Marques

Direitos Reservados

Cód do texto: T7492933

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