terça-feira, 10 de maio de 2022

Quarta na Usina: Poetisas da Rede: Andreia O. Marques:


 

Prazer encarnado

Hoje a poesia não veio acalentar meus devaneios, os versos que componho estão inquietos, fora do eixo roubam o pouco de paz que tanto preciso.

Sinto a ausência das noites furtivas, das labaredas que aqueciam minha cama fria.

Estou exausta de procurar nos versos o que o corpo anseia,

... de gozar linhas solitárias tentando calar meus gemidos pelas madrugadas.

A poesia já não apraz nessas noites vazias em que tudo que mais quero é um encontro fugaz, apenas o prazer do corpo o prazer encarnado e nada mais.

Neste momento o que a carne almeja, são as roupas espalhadas pelo chão, misturados com escritos tortos deixados ao acaso, corpos suados latejando tesão, o prazer palpável desfazendo os desejos imaginados que tem me embriagado de ilusões.

Não quero adentrar as madrugadas na vã esperança de preencher-me de meras palavras, estou cansada do sentir solitário, de estremecer, desfalecer e amanhecer sozinha, quero o prazer das noites vadias, sem compromissos, nem flores, não mais aceito que a inspiração e o gozo morram de fome dentro de mim sem ter onde ou a quem fluir.

Hoje não quero tentar calar meu instinto, demandando com o prazer escrito, dos versos embevecidos que teço, quero a sorte do meretrício, dos versos sentidos,

e de corpos preenchidos.

Andreia O. Marques

Direitos Reservados®

Cód do texto: T7271846

Nenhum comentário:

Postar um comentário