quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos: QUADRAS:



Embala-me em teus braços, De amores bons à sombra -- 
Quero em cheirosa alfombra Pousar os sonhos lassos! 
Teus seios, oh! morena -- Relíquias de Carrara -- 
Têm a ambrosia rara Da mais rara verbena. 
Aperta-me em teu peito, 
E dá-me assim, divina, De lírios e boninas 
Um veludíneo leito. 
Assim como Jesus, Eu quero o meu Calvário 
-- Anelo morrer vário Dos braços teus na Cruz! 
Porque não me confortas?! Bem sei, perdeste a ciência, 
Morreu-te a redolência, Alma das virgens mortas -- 
Mas não! Apaga os traços De tão funesto aspeito... 
Aperta-me em teu peito, Embala-me em teus braços!

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