quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos: AVE LIBERTAS:



Ao clarão da madrugada, 
Da liberdade ao toque alvissareiro, Banhou-se 
o coração do Brasileiro Num eflúvio de luz auroreada. 
É que baqueia a vida escravizada! Já se ouvem os clangores do pregoeiro, 
Como um Tritão, levando ao mundo inteiro, Da República a nova sublimada. 
E ali do despotismo entre os escombros, Rola um drama que a Pátria exalça e doura 
Numa auréola de paz imorredoura, 
A República rola-lhe nos ombros; 
Enquanto fora na trevosa agrura Sucumbe o servilismo, e, 
esplendorosa, A liberdade assoma majestosa, 
-- Estrela d’Alva imaculada e pura! 
É livre a Pátria outrora opressa e exangue! Esse labéu que mancha a glória pública, 
Que apouca o triunfo e que se chama sangue, Manchar não pode as aras da República. 
Não! que esse ideal puro, risonho, Há de transpor sereno os penetrais 
Da Pátria, e há de elevar-se neste sonho Ao topo azul das Glórias Imortais! 
Esplende, pois, oh! Redentora d’alma, Oh! Liberdade, essa bendita e branca 
Luz que os negrores da opressão espanca, Essa luz etereal bendita e calma. 
Vós, oh Pátria, fazei que destes brilhos, Caia do santuário lá da História, 
Fulgente do valor da vossa glória, 
A bênção do valor dos vossos filhos!

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