O lume de sinistro fogo estranho Que em meu olhar se acende; A nuvem que de mágoas carregada No rosto se me estende; Esta agonia acerba que repassa Os sons da minha lira; Este céptico altivo horror ao mundo Que em tudo meu respira; Estas rugas, que trago sobre as faces, Os modos distraídos, A constante desordem do semblante, Dos gestos, dos vestidos; Revela tudo um segredo, Que o mundo não sabe ler; Segredo, que só com pranto É que se pode escrever; Segredo, que em meu futuro Negro anátema cuspiu; Segredo, que seduziu-me; Segredo que me traiu. Letras escritas com pranto Sei que apagadas serão! Sei que um segredo de mágoas Nunca merece atenção! Mas não importa; hoje quero O meu segredo escrever; Que guardado por mais tempo Talvez me faça morrer.
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