quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Paulo Bocks: VINGANÇA:

Viveria cem anos contigo, meu bem

Somente para compreender-te melhor

Saber dos verdadeiros motivos porque me traíste ao invés de me amar

Deixando de lado tudo que pensei construído e vi desabar

Saber que quando voltou para casa, me abraçou, beijou minha boca e me chamou de seu amor

Tomou um banho demorado, brincou com os meninos, viu o jornal e jantou

Perguntou-me do trabalho, a que horas eu havia chegado

Disse que pela manhã iríamos à praia, se eu concordava

Aninhou-se em meus braços e simplesmente dormiu

Talvez... se aquela marca estranha não estivesse na sua pele

Escondida de seus olhos sagazes e falsos, mas visível aos que a observassem

Eu jamais viesse efetivamente, a saber,

E finalmente no seu telefone as mensagens

Muito pior ainda a mentira: eu juro jamais te traí

Porque não dizer a verdade, tentar explicar as causas prováveis

Talvez eu viesse a entender

É... mas a casa caiu

Mil vezes procurei outros braços, te odiei mesmo ficando ao teu lado

Nossos filhos foram ficando mais velhos e depois partiram

Às vezes, outros me veem sorrindo, sou boa atriz

Veja agora onde estamos... o seu prazer foi pequeno

Se comparado aos cem anos em que eu pretendo

Viver contigo só para fazê-lo infeliz.

Paulo Bocks (da série Poesias d'Bocks)

Imagem Ilustrativa: Internet

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