Sorte ou falta de sorte? Sei lá.
Acromatopsia? Você sabe o que é? Popularmente é co- nhecida como a cegueira das cores. Cientificamente é um pro- blema de num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, bem invocado. E, didaticamente, é uma situação em que o sujeito não identifica determinadas cores, em especial as cores pardas.
Esse troço só acomete 7% da população masculina mundial. E adivinhe que foi “premiado” com isso? O leso aqui. Um mundo tão grande, com tanta gente, e essa porcaria vir me achar aqui em Natal.
E é por isso que faço parte da história da educação mundial, pois sou o único cidadão do mundo que repetiu o jardim de infância. Isso mesmo, repeti o jardim de infância. Fico pensando naquelas coleções de lápis coloridos em cima da mesa (que tem umas 200 cores), a professora me mandando usar a cor verde, e eu tateando todos os lápis, e pegando exa- tamente os que não eram verdes. Castigo na certa.
Já mais crescido, devo ter usado algumas velhas táti- cas de sorteio:
“je-sus- dis-se - que - eu -es-co-lhes-se - es- se - da-qui” (como se Jesus, com tantos pedidos importantes, fosse ficar escolhendo cores pra mim), ou.
“pan – dê – co – lê – dá – pá – dé – pi – pê – rú – gê – pan – dê – pê” (esse é de lascar).
Porém, só fui descobrir oficialmente essa dificuldade visual quando já estava na faculdade. Minha sorte foi que, quan- do criança, nunca escolhia roupas (antigamente era assim), no colégio havia farda e na faculdade andava de branco.
Certamente foi motivo de muito fora de namorada. Elas pensavam – ô cara de mau gosto. Quando namorava com Ana Flávia, quase nunca saía nos finais de semana, e ela só veio me dizer, depois de casada, que era porque eu estava feito um papangú. Se fosse hoje, eu seria o Agostinho da Grande Família
– era troncho mesmo.
Certa vez, em um evento de RH, o colega de apar- tamento sabia dessa minha dificuldade com as cores, e que minhas roupas iam arrumadas na mala já com as “pareias” separadas, e resolveu fazer uma mistura, enquanto eu tomava banho. Quando saí do banho, ele já tinha saído para a soleni- dade de abertura. Então, troquei de roupa e me mandei. Já no corredor do hotel, notei que as pessoas me olhavam diferentes. No elevado foi pior, pois algumas pessoas ficaram rindo. Quan- do a porta do elevador abriu no saguão do hotel e o pessoal desceu, a colega do RN que tinha ido comigo não me deixou nem descer, e foi logo dizendo: volta, volta para o apartamen- to, e pela caridade troque de roupa, porque o negócio tá feio. Voltei. Mas, e daí? Ia fazer o quê? Estava tudo esculhambado e eu não sabia nem o que procurar. Então, peguei uma calça escura e uma camisa escura e pronto, tudo resolvido (pelo menos pra mim).
Mas, hoje em dia ainda tem os sacaninhas que inven- taram tal de degrade. Achando pouco já ter o verde, agora tem o verde claro, verde escuro, verde oliva, verde mais ou menos, verde mato, e haja verde. Só me lasco.
Se me convidar e não quiser que eu chegue à sua casa, é só não dizer o número e dizer a cor. Se não tiver co- piloto, num chego não.
Falar em copiloto, eu dou o maior valor quando tem alguém no carro, porque de vez em quando é necessário opinar sobre a cor do sinal de trânsito. É cada susto invocado...
Na maioria das vezes, vou na onda dos carros vizinhos.
Se eles fizerem merda, eu vou junto, só para ser solidário...
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